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Evento em São Paulo reuniu experiências e perspectivas de diversos setores da sociedade civil na crítica ao atual modelo de desenvolvimento e na articulação de alternativas que promovam justiça social e preservação ambiental

Do Observatório

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Créditos das fotos: Jeomark Roberto

“É possível fazer de outro jeito”. A frase do diretor executivo da Abong Ivo Lesbaupin resume o espírito do debate “Impasses brasileiros: alternativas da sociedade civil para o desenvolvimento socioambientalmente justo”, que aconteceu nesta quarta-feira (29), em São Paulo.  Promovido pelo Observatório da Sociedade Civil em parceria com o site Outras Palavras, o evento foi marcado por críticas aos modelos de desenvolvimento preconizados pelas principais forças partidárias brasileira e pela afirmação de uma visão alternativa, sustentável e socialmente justa, defendida pela sociedade civil organizada.

“Esse debate é importante para romper uma polarização política perversa que a sociedade vive hoje. Perversa porque não reflete programas alternativos para o Brasil. O que temos são divergências políticas sem sentido concreto. E sem diferentes projetos, não há dialogo”, salientou Antonio Martins, editor do portal Outras Palavras. Ele reforçou ainda a importância de criar condições para que se reproduzam iniciativas que buscam alternativas concretas para o impasse que vive o Brasil atualmente, como o próprio debate e a reportagem Caminhos para um Desenvolvimento Justo, divulgada pelo Observatório e que foi lançada no evento (clique aqui para acessar).

Antonio salientou a “forma alienada” como o debate sobre desenvolvimento é feito no país. “Nós não temos que simplesmente debater a exploração do petróleo, mas de que forma a sociedade brasileira pode se apropriar da riqueza do petróleo para investimentos sociais. E ainda como a exploração do petróleo pode financiar a mudança da matriz energética, por exemplo. A nossa imaginação política deve se dar desafios assim. Temos que ser capazes de suscitar no imaginário das pessoas, de seduzir a população com esse tipo de propostas”.

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Na mesma direção, Paulo Junqueira, coordenador adjunto do Programa Xingu do Instituto Socioambiental (ISA), ressaltou o impacto do modelo de desenvolvimento vigente para as comunidades indígenas. Morador do Parque Indígena do Xingu, ele criticou, em especial, a lógica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), iniciativa que teve início no segundo mandato do governo Lula e que atualmente empreende obras na área de geração de energia na região da Amazônia.

“Eu entendo o motivo do PAC. É importante, gera renda, emprego e desenvolvimento regional. Mas nem sempre. Não dá para entender o porquê da construção da Belo Monte em Altamira, por exemplo”, sustenta.

Paulo critica ainda a falta de espaço para o diálogo com as populações mais atingidas pelas obras do Programa. “Essas obras tem um impacto forte nas terras indígenas, mas isso é desconsiderado. Aonde tem estrada, tem desmatamento, significa que aumenta o esgoto, o lixo, porque as cidades aumentam.”

Trazendo a perspectiva dos movimentos sociais urbanos, a representante da direção estadual de São Paulo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Natália Szermeta, criticou o mito do crescimento econômico, visto por ela como uma das primeiras barreiras a serem superadas pela esquerda brasileira. “É preciso repensar a visão de que o crescimento traz benesses para a população. Em geral, é o contrário: seu resultado é distribuído de forma desigual e aumenta a desigualdade”, afirmou, destacando ainda os impactos no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas, em especial nas grandes cidades.

Em sua análise, o processo de aumento da renda das famílias mais pobres alcançado por políticas do governo Lula, como geração de emprego, o aumento do salário mínimo e o Bolsa Família, aprofundou problemas urbanos. “Na mesma medida que houve essa possibilidade de consumo, as grandes cidade mudaram radicalmente. Aconteceu a expulsão de trabalhadores para cada vez mais longe por conta da especulação imobiliária. A década de aumento do emprego e do consumo foi também a do capital imobiliário, que lucrou 2000% a mais de 2008 a 2014. Ou seja, o resultado do investimento que houve, com parceria entre público e privado, foi um aprofundamento da segregação”, denunciou, citando dados que apontam aumento acima de 100% no valor dos alugueis em São Paulo. Para ela, é preciso uma política que não deixe o capital livre para atuar, com controle de alugueis e limites para a especulação imobiliária.

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Ivo Lesbaupin fechou o debate alertando para os limites cada vez mais claros do modelo de desenvolvimento atual, que ele define como “produtivista-consumista”. “Nós sabemos que a situação climática está piorando, estamos começando a sentir na p´ropria pele as consequências, como a crise hídrica de São Paulo. Até o papa Francisco fez uma encíclica só sobre meio ambiente. Enquanto isso, para nossos governo parece que nada está acontecendo, continuam agindo como há 50 anos”, lamenta, lembrando dos grandes projetos de geração de energia por meio de hidrelétricas na Amazônia e de usinas nucleares, ignorando avanços fundamentais no aproveitamento da energia solar, por exemplo.

“Desenvolver-se é desdobrar suas potencialidades, não necessariamente crescer. Podemos ter outra concepção de desenvolvimento  que não seja produtivista-consumista, um desenvolvimento pensado para desdobrar as potencialidades das pessoas na sociedade, para que possam viver bem”, defendeu Ivo.

Para ele, diversos projetos e ações da sociedade civil apontam para esse caminho, mas é necessário voltar a discutir projetos para o país. “Podemos virar a situação, pensar outra sociedade em que as pessoas possam viver, não apenas as empresas. Hoje não temos um projeto de Brasil, temos um conjunto de obras que é o PAC. É preciso que país nós queremos, para as pessoas viverem melhor”, afirmou.

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