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Extrativistas de todos os estados da Amazônia se uniram de terça (27) a quinta-feira (29) para reivindicar a democratização do acesso às terras, reconhecimento dos assentamentos extrativistas, desenvolvimento rural sustentável e outras demandas no 3º Chamado da Floresta, realizado em Santarém, oeste do Pará. A intenção do evento é elaborar uma lista de reivindicações, apresentar ao governo federal e cobrar melhorias.

Por Espaço

O encontro que reuniu cerca de 3 mil pessoas na comunidade ribeirinha São Pedro, na Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns é realizado pela terceira vez pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).
O principal assunto da lista de reivindicações é a reforma agrária. Foram debatidos o ordenamento fundiário, a regularização fundiária, desenvolvimento rural sustentável, e reconhecimento dos assentamentos extrativistas como áreas protegidas, além do plano de manejo. Outro ponto colocado em questão durante o encontro foi a política de produção e geração de renda. Segundo a categoria, processamento, escoamento e o mercado para a comercialização dos produtos são questões que ainda precisam de soluções.

Elivaldo Rodrigues Rosa, 32 anos, que trabalha com o extrativismo desde criança no Projeto de Assentamento Maracá, que fica no município de Mazagão, no Amapá, conta que a atividade local gira em torno da coleta de castanhas, açaí e bacaba. Para ele, o local enfrenta os mesmos problemas de outros assentamentos da região, mas a educação, habitação e a infraestrutura são o maior descontentamento da população local. “Vivemos numa comunidade bastante extensa. Aproximadamente temos em nosso assentamento mil e oitocentos habitantes. Existem famílias que nem têm moradia. Esperamos conseguir bons resultados, principalmente chamar a atenção do governo para a valorização do pequeno produtor, desde a sua atividade até a comercialização da sua produção”, explica.

Foram convidados ministros e a presidente Dilma Rousseff, mas até a manhã desta quinta não havia confirmação da ida dela à comunidade em sua agenda oficial. “Se virem, ótimo, mas nossa luta é a coisa mais importante. A vinda dela será maravilhosa para dialogar conosco justamente para ver nossa realidade, porque quem desenha a política em Brasília, muitas vezes, não sabe. A pauta vai ser debatida com os ministros que vierem aqui e assumida como estrutura de governo”, declarou o presidente da CNS, Joaquim Belo.
Outras reivindicações
 
 
A educação também é uma grande demanda dos extrativistas. Muitos reivindicam vagas no ensino superior por meio de cotas.

Na área de infraestrutura básica, são esperadas melhorias quanto a captação e distribuição de água, energia elétrica, meios para a comunicação, mobilidade, habitação e limpeza de mananciais.
Na área da saúde, a população necessita de melhorias quanto a vacinações, DSTs, atendimento dos agentes de saúde, e outros programas que garantam acesso a medicamentos e atendimentos de urgência e emergência.
Entre as reivindicações ainda estão a estruturação dos escritórios regionais das autarquias federais que atendem a essas populações.

Por último, referente às questões ambientais, a população requer a proteção da biodiversidade e repartição dos benefícios provenientes dela.
Chamado da Floresta
O Chamado da Floresta é um evento realizado a cada dois anos em comunidades extrativistas da Amazônia, com a presença de representantes do governo federal para mostrar aos governantes a realidade no “próprio local do problema”. O evento é realizado desde 2011. As duas primeiras edições foram na região do Marajó, no Pará.
A comunidade São Pedro pertencente ao município de Santarém, fica distante da cidade aproximadamente 8 horas de barco. “Tem vários critérios que a gente busca. Se você olhar no mapa da Amazônia, a comunidade São Pedro está no coração, no Centro. O tempo que o barco que saiu de Manaus para chegar aqui é o mesmo dos que saíram de Macapá e de Belém. A gente vai discutir com a comunidade para ver a recepção e a condição que ela tem para fazer o trabalho que foi feito. Essa conjuntura local favorece a isso”, explicou Joaquim Belo.

Segundo o presidente do CNS, as duas primeiras edições do evento já tiveram resultado, mas muito ainda falta a se alcançar. “Hoje, está começando a ter água tratada na comunidade, vai começar o processo de energia do Luz Para Todos. Isso demonstra que nossa estratégia de luta é extremamente importante. Pronatec só para extrativistas, o Enem, que a gente fez uma estratégia que nossa juventude conseguisse chegar, pois o formato do governo federal não se encaixa nos jovens da floresta”, completou.

A organização espera para esta quinta-feira (29), dia de encerramento do evento, que o governo federal envie pelo menos representantes de ministérios para que as pautas possam ser entregues.

 

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