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Reduzir a zero o desmatamento na Amazônia já não basta para garantir as funções climáticas do bioma. Além de manter a integridade da floresta, é preciso iniciar um amplo processo de recuperação do que já foi destruído. Quem adverte é o pesquisador Antônio Donato Nobre, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no relatório “O futuro climático da Amazônia”, elaborado a pedido da Articulação Regional Amazônica (ARA) e lançado recentemente em São Paulo.
Relatório ARA

Na publicação, são sistematizados, pela primeira vez, cerca de 200 dos principais estudos sobre o papel da Floresta Amazônica no sistema climático, na regulação das chuvas e exportação de serviços ambientais para áreas produtivas, circunvizinhas e distantes da Amazônia. O relatório aponta o potencial climático da floresta pristina, também chamada de “oceano verde”, e os impactos de sua destruição com o desmatamento e a queimada. O estudo indica ainda ações para conter os efeitos no clima provocados pela ação humana sobre a maior floresta tropical do mundo.

Relatório ARA
A queimada está entre as mais graves ações danosas à Amazônia. Foto: Relatório ARA.
A destruição do ecossistema gerará um clima inóspito. Modelos climáticos antecipam, há mais de 20 anos, os variados efeitos danosos do desmatamento sobre o clima. “Entre eles estão: a redução drástica da transpiração, a modificação na dinâmica das nuvens e chuvas e o prolongamento da estação seca”. Outros efeitos não previstos, como o dano por fumaça e fuligem à dinâmica de chuvas, mesmo sobre áreas de floresta não perturbada, também são observados. Somente no Brasil, uma área de 763.000 quilômetros quadrados já foi destruída, o que equivale a três vezes o território de São Paulo ou a 184 milhões de campos de futebol.

De acordo com o relatório, o desmatamento por corte raso atual beira os 20% da cobertura original na Amazônia brasileira, e a degradação florestal, estima-se, já teria perturbado a floresta remanescente em variados graus, afetando, adicionalmente, mais de 20% da cobertura original. “O ponto preocupante desses exercícios de modelagem é a indicação de que aproximadamente 40% de remoção da floresta oceano-verde poderá deflagrar a transição de larga escala para o equilíbrio da savana, liquidando, com o tempo, até as florestas que não tenham sido desmatadas”, alerta o pesquisador.

Relatório ARA
Desmatamento deixaria região inóspita. Foto: Relatório ARA.

Recomendações para reverter quadro

Diante desse contexto, o estudo recomenda um plano de mitigação baseado na reversão radical tanto dos danos passados quanto das expectativas de danos futuros, como um “esforço de guerra”. “As florestas da Amazônia são essenciais para a manutenção do clima e, com ele, a segurança das gerações futuras. Felizmente, os avanços das ciências fazem desta guerra um desafio que pode ser bem sucedido”, avalia o pesquisador Donato Nobre.

Como ação primeira, o pesquisador aponta a necessidade de universalizar e facilitar o acesso às descobertas científicas. “Que podem reduzir a pressão da principal causa do desmatamento: a ignorância”, comenta o cientista no relatório. Em segundo lugar, será preciso zerar o desmatamento, a degradação florestal e as queimadas. Ao mesmo tempo, sendo esses os mais graves fatores de danos ao clima, é urgente desenvolver um amplo esforço para replantar e restaurar a floresta destruída.

“Tal esforço precisa ter perspectiva de médio e longo prazos, para culminar com a regeneração da floresta oceano-verde original”, alerta Nobre. “Diante disso, as elites governantes podem, devem e precisam tomar a dianteira na orquestração da grande mobilização de pessoas, recursos e estratégias que possibilitem recuperar o tempo perdido”, conclui.

Acesse relatório completo.

Fonte: Adital

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