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Ilustração: Leah Goren / do site Think Olga

Um intensa mobilização em torno dos direitos das mulheres têm ganhado as ruas, a mídia e os debates nas redes sociais nas últimas semanas. As opiniões são diversas, mas visam trazer à tona questões como igualdade de gênero, defesa dos direitos femininos e contra o machismo.

Foram realizadas manifestações contra o projeto de Lei 5069 (leia o texto), de autoria do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que “tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto”. Nas redes sociais, o assunto também ganhou destaque na ação #AgoraÉQueSãoElas, por exemplo, que convidou mulheres a tomar o lugar dos colunistas homens por um dia, a fim de contribuir na pressão contra o PL 5069.

Kaká Verdade, coordenadora executiva do ELAS Fundo de Investimento Social, destaca que as mobilizações, numa democracia, são muito positivas, pois as pessoas se sentem de fato cidadãs. “O que não dá para sustentar são aqueles discursos que querem reduzir o escopo de direitos já conquistados. Todos os movimentos que estão querendo ampliar os direitos são muito bem-vindos, mesmo que não concordamos com todos eles”, enfatiza, lembrando, inclusive, que no dia 18 de novembro será realizada a primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras.

Outra campanha que vem mobilizando os debates na internet é a #primeiroassedio, que incentiva as mulheres a compartilharem suas histórias de abuso sofridas ao longo dos anos.

O próprio Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano trouxe o tema da “persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” para a redação, dando mais luz ao assunto e convidando os estudantes a refletirem sobre os impactos destas atitudes para a sociedade brasileira.

“O que precisamos justamente discutir, inclusive, é: quais empresas essa massa crítica de jovens, que se posiciona e não aceita preconceito, vai encontrar quando entrar no mercado de trabalho? A pergunta é: eles vão encontrar um ambiente com mais equidade entre homens e mulheres ou vamos reproduzir o machismo?”, comenta Margareth Goldenberg, consultora estratégica da Associação Movimento Mulher 360, destacando que todas essas mobilizações têm impacto também no meio corporativo, como não poderia deixar de ser.

“O posicionamento das empresas é muito valorizado, pois é um ator importante na sociedade. Diante disso, elas têm um papel essencial na transformação social e têm obrigação de dar uma resposta a essa juventude, garantindo mais equidade e menos discriminação contra as mulheres”, completa.

Para ajudar o meio corporativo a refletir sobre essas questões que estão efervecendo nas últimas semanas, a Associação tem buscado organizar e sistematizar os debates e disseminar em seus canais de comunicação conteúdos mais reflexivos e pertinentes sobre tal. No site do MM360 é possível encontrar, por exemplo, uma matéria a respeito de um estudo realizado pela revista Stylistcom 2 mil mulheres que perguntou sobre exemplos de sexismo que elas experimentaram pessoalmente no trabalho: preparar o chá (43%) e lidar com insinuações sexuais (38%) lideram a lista. Aparecem em seguida questões como receber comentário sobre sua aparência ou roupas (33%) ou ser acusada de estar na TPM ou menstruada (29%).

“Precisamos não só aumentar a consciência das pessoas sobre esse tema, mas desenvolver ações propositivas, nos mobilizando em torno da igualdade de gênero para que essa diferença existente ainda hoje entre homens e mulheres diminua de uma forma mais rápida”, ressalta a consultora.

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E é no sentido de ampliar os direitos das mulheres que o ELAS está mobilizando a sociedade a fim de articular recursos para o lançamento do edital “Cultura Viva Mulher”, que visa apoiar projetos de mulheres que promovam a igualdade de gênero por meio de ações culturais na defesa dos direitos e do protagonismo das mulheres no Brasil.

São esperadas iniciativas de articulação de redes culturais de mulheres; projetos e campanhas de valorização da mulher e da infância feminina; transmissão de saberes ancestrais; expressões artísticas; intercâmbios culturais; narrativas literárias; celebrações e memórias, dentre outras.

“Decidimos por focar em soluções sociais vinculadas à cultura, pois elas conseguem atingir e mobilizar um público maior, engajando mais a sociedade nestas questões. Trata-se de um potencializador e o resultado tende a ser muito mais amplo”, comenta Kaká Verdade, a respeito da temática escolhida para apoio aos projetos.

A proposta do edital é premiar até 115 iniciativas em duas categorias: 1. Grupos de mulheres: voltado às organizações e grupos de mulheres. Serão premiadas 100 iniciativas com o valor de R$10 mil cada, totalizando R$1 milhão; e 2. Grupos de mulheres indígenas: voltado a grupos de mulheres indígenas que desenvolvam ações de resgate e salvaguarda da cultura indígena, prioritariamente na Região Amazônica, no Sul da Bahia e nas regiões de fronteira. Serão realizadas capacitações locais, com a possibilidade de premiação de até cinco projetos com até R$100 mil e de até dez projetos com R$50 mil.

Poderão se candidatar organizações formalmente constituídas, assim como grupos formais ou informais, desde que organizados em coletivos, e que sejam necessariamente liderados e compostos majoritariamente por mulheres jovens e adultas.

A coordenadora do Fundo destaca que o principal objetivo da iniciativa é identificar e fomentar as soluções sociais comandadas por mulheres, algo ainda incipiente e pouco incentivado no país. A partir do edital, o ELAS acredita que será possível conhecer os obstáculos enfrentados por estes grupos e estimular que boas práticas possam ser disseminadas e replicadas em outros locais do Brasil, promovendo transformação social e estimulando políticas públicas na área.

“O fato dessas mulheres terem uma ideia que visa melhorar a vida delas, consigam mobilizar um grupo social, e podermos aportar recursos direto para isso, já é, para nós, um sucesso. Afinal, quem melhor que as mulheres negras para experimentar uma iniciativa de superação de racismo? Quem melhor do que as jovens para conseguir pensar numa solução que consiga romper esse abuso e mude suas vidas? A gente precisa dar voz a elas”, destaca Kaká.

O Cultura Viva Mulher pretende selecionar boas ideias em todos os Estados brasileiros a fim de fomentar também uma rede de trocas entre as próprias iniciativas, algo que já vem sendo realizado com sucesso em outras experiências pelo ELAS, garantindo que os resultados das ações não se restrinjam ao território de atuação, mas que se reflitam em outros locais.

“Um exemplo disso foi o que conseguimos ao apoiar as ações do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas durante dois anos. Hoje, a lei está aí. Se fosse uma iniciativa isolada dificilmente teríamos conquistado”, ressalta Kaká.

Neste momento, o ELAS está em processo de captação de recursos junto ao setor privado – que pode apoiar a iniciativa via Lei Rouanet e, com isso, ter isenção fiscal – até dezembro. A expectativa é lançar o edital no início de 2016.

Fonte: GIFE

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