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Participaram do ato cerca de mil pessoas, de 36 nacionalidades, incluindo o ex-presidente Lula, parlamentares, líderes sindicais, movimentos populares, entre outros

Para denunciar a criminalização de movimentos populares, cerca de mil pessoas se reuniram neste sábado (5) na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), em solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ato é uma resposta à ação truculenta de policiais civis, que invadiram a Escola, dispararam balas contra os estudantes e militantes, além de levar presos dois integrantes da ENFF, nesta sexta-feira (4).

Participaram da atividade parlamentares, representantes de movimentos populares, sindicatos e militantes de pelo menos 36 nacionalidades, como África do Sul, Canadá, Cuba, Egito, Estados Unidos, Gana, Índia Marrocos, Nepal, Nigéria, Senegal, Síria e Palestina.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou toda a iniciativa. Ao discursar, alertou que a ação contra o MST faz parte de um processo contínuo que visa reprimir movimentos populares em todo o país. “A gente tem que se preocupar muito com que eles [partidos da oposição] vão fazer com movimentos sociais, porque se a moda pega… Eu alertei em dezembro de 2014 que há um processo de criminalização da esquerda em andamento neste país”, disse.

O mesmo alerta também foi emitido pela presidenta Dilma Rousseff, que enviou uma nota de solidariedade ao movimento. Para ela, há um processo assustador de retrocesso no Brasil, que foi iniciado com o golpe, e mantém em curso um “Estado de Exceção no País”.

A intenção de reprimir a luta dos movimentos populares também foi lembrada pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). Para ele, episódio de sábado exige uma série reação. “É muita ousadia e determinação do conservadorismo brasileiro atacar um símbolo da luta pela Reforma Agrária e pular a cerca dando tiros. A nossa resposta tem que ser: nós não aceitaremos repressão no Brasil! Nós vamos lutar de cabeça erguida!”, disse.

Solidariedade

Lula também comemorou a realização da atividade, ressaltando a importância dela na atual conjuntura política. “Vamos aproveitar este ato, essa solidariedade aqui, com tanta gente que veio para cá e, a partir daqui, construir uma coisa mais forte”, convocou.

O dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro, reforçou que, independente de bandeiras, a solidariedade é a “marca mais bonita, independente da agremiação, do partido, do movimento”. “O mais importante é ter a solidariedade como um valor, como um princípio a ser cultivado”, ressaltou.

Segundo ele, a ação deste sábado, com a presença de tantos representantes de organizações políticas, pode ser considerado um ensaio para a greve geral que se desenha para o dia 11 de novembro.

Jandira Uehara, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), também falou sobre a importância da união de movimentos e centrais sindicais na construção da greve geral neste mês. “O ato do dia 10 é muito importante para dizer que não aceitamos esse retrocesso. Eles precisam nos criminalizar e destruir e nós precisamos fazer uma defesa a altura. Temos que ter uma agenda de luta e novembro começou bem. Que seja um novembro vermelho. Nós estamos vivos, nós resistiremos e nós lutaremos!”, disse.

A coordenadora da ENFF, Rosana Fernandes, acompanhou toda a ação da polícia na sexta-feira. Ela destacou, no ato de hoje, a unidade da classe trabalhadora. “Muito mais do que prestar solidariedade, este é o momento de dizer que a classe trabalhadora está viva. Nesse lugar simbólico da classe trabalhadora, reafirmamos o compromisso de que estamos resistentes, esperançosos e solidários a uma causa maior: libertação da classe trabalhadora em todas as dimensões”, afirmou.

O caso

Policiais civis de Mogi das Cruzes e Guararema chegaram na ENFF por volta das 9h25, cercaram o local e pularam a janela da recepção dando tiros para o ar, conforme registraram as câmeras de segurança do local. Os militantes que estavam presentes afirmaram que os estilhaços, que acertaram uma mulher, eram de balas letais, e não de borracha.

A invasão do espaço, segundo o movimento, está relacionada aos desdobramento das disputas entre camponeses e a empresa madeireira Araupel em Quedas do Iguaçu (PR). Em nota, o MST repudiou as ações alertando que se trata de uma tentativa de criminalizar a organização. “Lembramos que essa ação faz parte da continuidade do processo histórico de perseguição e violência que o movimento vem sofrendo em vários estados e no Paraná”.

Fonte: MST

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