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Debatedores reunidos na Mesa de abertura do evento avaliam que o modelo de desenvolvimento vigente põe em risco avanços conquistados desde a Constituição

 Por Nicolau Soares

As constantes ameaças ao meio ambiente e à vida dos brasileiros, como a persistência do desmatamento da Amazônia, o recorde na utilização de agrotóxicos e a tragédia patrocinada pela Vale do Rio Doce em Minas Gerais, não deixam dúvida: é necessário construir um novo modelo de desenvolvimento que respeite a natureza e priorize a qualidade de vida das pessoas. No entanto, o cenário conservador no Congresso Nacional traz ameaças a conquistas e avanços conseguidos desde a Constituição de 1988. Essa é a avaliação da mesa de abertura do seminário “Desenvolvimento em Disputa: Por uma Economia a Serviço da Vida”, que aconteceu na manhã desta terça-feira (17), em Brasília.

“É preciso superar o atual modelo de desenvolvimento predador. Temos que construir outra concepção de economia, centrada na satisfação das necessidades dos cidadãos”, afirmou Ivo Lesbaupin, diretor da Abong e do Iser Assessoria, entidades que promovem o evento. Para ele, “desenvolvimento não é necessariamente crescimento econômico. Segundo Marcos Arruda, desenvolvimento é desdobrar as potencialidades das pessoas e das sociedades. Precisamos construir outra forma de desenvolvimento que permita às pessoas viver bem, em harmonia com outros seres vivos.”

Ivo destacou a importância dos povos indígenas neste debate. “Eles são as principais vítimas desse modelo de desenvolvimento. Além disso, temos muito a aprender com eles em termos de conviver com a terra como mãe”, sustentou.

A diretora executiva da Abong Adriana Ramos alertou para as tentativas de diminuir a importância dessas populações tradicionais e, por consequência, de seus conhecimentos. “Existe esforço muito grande de desqualificar os indígenas como povos com culturas diferentes e colocá-los para o conjunto de pobres do país, que deveriam ser atendidos pelos programas universalizantes de saúde, educação, transferência de renda, e não com políticas específicas”, esclareceu.

Adriana defende um olhar diferenciado para estas populações. “Se olharmos para as práticas tradicionais que hoje são desconsideradas, talvez resida ali a alternativa para aumentar nossa resiliência. Tem muito para se apropriar das práticas tradicionais, e talvez aí a gente encontre saídas. Porque certamente não vai ser no modelo altamente homogeneizante que temos hoje que vamos encontrar”, salientou.

Nilto Tatto, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Organizações da Sociedade Civil, fez uma leitura do momento político e econômico do Brasil, que abre espaço para perigosos retrocessos. “Estamos num momento de uma crise econômica forte. Não estamos imunes à crise do capitalismo que vem de 2008 e chega agora, agravada pelo preço das commodities. Seria uma oportunidade para discutir outras medidas, discutir o financiamento das políticas de distribuição de renda, o modelo tributário. Mas temo que nesse momento, o que temos a perder é exatamente essas políticas mais redistributivas”, avalia.

Tatto vê riscos graves para os avanços conquistados desde a Constituição de 1988 que apontam para um outro modelo de desenvolvimento, destacando o papel do governo Lula. “Estamos diante de um retrocesso talvez equivalente ao golpe de 64, não do ponto de vista das liberdades individuais, mas do ponto de vista das conquistas dos movimentos sociais. É um momento que diminui a capacidade do Estado de manter o conjunto das políticas que de certa forma avançava na construção de um novo modelo”, alertou.

 

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