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Relatórios divulgados no segundo dia da COP 22 indicam que eventos extremos ocorridos nos últimos cinco anos, como secas e inundações, estão ligados ao aquecimento global e países africanos foram os mais afetados

Rio Amazonas agoniza na estiagem do início do ano: tendência é que fenômenos meteorológicos se intensifiquem nas próximas décadas (Foto: Defesa Civil do Amazonas/Divulgação)
Rio Amazonas agoniza na estiagem do início do ano: tendência é que fenômenos meteorológicos se intensifiquem nas próximas décadas (Foto: Defesa Civil do Amazonas/Divulgação)

De 2011 a 2015, o mundo foi castigado por uma alta frequência de fenômenos meteorológicos extremos, como ondas de calor e estiagens severas. Esses eventos estão diretamente associados às mudanças climáticas, segundo um relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em Marrakesh, no Marrocos, onde acontece a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 22. De acordo com os autores, que fizeram uma avaliação minuciosa dos cinco anos mais quentes da história desde que a temperatura global começou a ser registrada, por trás disso está a ação do homem.

O relatório destaca que as temperaturas recordes foram acompanhadas por aumento no nível do mar e declínio da extensão do mar Ártico, de glaciares continentais e na cobertura de neve do hemisfério norte. Todos esses indicadores climáticos confirmam o padrão de aquecimento de longo prazo, causado por gases de efeito estufa. A concentração de dióxido de carbono alcançou a marca significativa de 400 partes por milhão na atmosfera pela primeira vez em 2015, diz o documento.

O trabalho da OMM também investiga se as mudanças climáticas induzidas pelo homem estariam diretamente ligadas a eventos extremos individuais. Dos 79 estudos publicados no Boletim da Sociedade Meteorológica Americana, mais da metade constatou que mudanças climáticas antropogênicas contribuíram para o fenômeno em questão.

Acordo

“O Acordo de Paris pretende limitar o aumento da temperatura em bem abaixo de 2ºC, acima dos níveis pré-industriais, com esforços para que chegue, no máximo, a 1,5ºC. Esse documento confirma que a temperatura média em 2015 já alcançou a marca de 1ºC. Nós acabamos de ter o período de cinco anos mais quentes já registrado, com 2015 sendo o pior individualmente. E parece que 2016 vai bater esse recorde”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. De acordo com ele, “os efeitos das mudanças climáticas têm sido consistentemente visíveis em escala global desde os anos 1980. Isso aumentou o risco de eventos extremos como ondas de calor, secas, tempestades e enchentes”, completou Taalas.

O relatório destaca alguns dos eventos de maior impacto. Eles incluem a seca do leste africano de 2010-2012, que causou 258 mil mortes; as enchentes no Sudeste Asiático de 2011, em que 800 pessoas morreram e houve mais de US$ 40 bilhões em perdas econômicas; as ondas de calor de 2015 na Índia e no Paquistão, que teriam matado 4,1 mil pessoas; o Furacão Sandy, de 2012, que provocou US$ 67 bilhões em prejuízos econômicos nos Estados Unidos; além do Tufão Haiyan, que matou 7,8 mil nas Filipinas, em 2013.

De acordo com o documento, em todos os continentes, 2011-2015 foi o período mais quente já registrado (exceto na África, em que foi o segundo). As temperaturas ficaram 0,57ºC acima de 1961-1990 (período de referência). 2015 também foi o primeiro ano em que as temperaturas globais ficaram mais de 1ºC acima da era pré-industrial. Nos oceanos, o calor também atingiu níveis sem precedência. Ao mesmo tempo, o derretimento do Mar Ártico prosseguiu com força. Em média, sua extensão, em setembro, foi 4,7 milhões de quilômetros quadrados, 28% a menos do registrado em 1981-2010.

África

Em outro relatório divulgado ontem, a Organização não-governamental Germanwatch indicou que cerca da metade dos países mais afetados em 2015 por fenômenos climáticos extremos são africanos. “A África é particularmente vulnerável ao impacto das mudanças climáticas”, destacou Soenke Kreft, autor principal da 12ª edição do Índice Anual de Riscos Climáticos, lançado na sede da COP 22. No geral, os países pobres são os mais expostos aos estragos das tempestades, calor extremo, inundações ou secas, fenômenos cuja intensidade e frequência aumentam com as mudanças climáticas. “A distribuição de fenômenos extremos não é equitativa”, acrescentou Kreft, ao recordar que os países em desenvolvimento são historicamente responsáveis por apenas uma pequena proporção de emissões de gases de efeito estufa que causam esses transtornos.

O índice da Germanwatch registra fenômenos extremos em 180 países, com base nas informações da companhia de seguros alemã MunichRe. Em 2015, as nações mais afestadas foram Moçambique, Dominica, Malauí, Índia, Vanuatu, Mianmar, Bahamas, Gana, Madagascar e Chile. Entre 1996 e 2015, houve cerca de 11 mil fenômenos extremos que causaram mais de meio milhão de mortes no mundo, destacou o relatório. Durante as duas últimas décadas, os países mais afetados foram Honduras, Mianmar e Haiti. Filipinas, Bangladesh, Paquistão, Vietnã e Tailândia também se viram golpeados desde os pontos de vista humano e econômico.

Fonte: Correio Braziliense

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