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Construção de um novo paradigma socioeconômico passa por negociação delicada entre setores populares e deve levar em conta papel deletério do poder financeiro internacional

Por Nicolau Soares, do Observatório

WhatsApp-Image-20160613 (1)_edA construção de um novo paradigma de sociedade não é um processo simples passa por uma negociação delicada com diversos atores, mesmo entre os movimentos sociais, e precisa levar em consideração a crise de governança mundial, imposta pelas corporações. Essas são algumas das observações levantadas na mesa de abertura do Seminário “Novos Paradigmas: Rumo ao bem Viver”, realizada na manhã da segunda-feira (13/06), em São Paulo.

Jorge Eduardo Durão, sociólogo e diretor da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), destacou as dificuldades para a construção de uma alternativa ao modelo atual de sociedade. Em sua percepção, os movimentos populares já perceberam os problemas do modelo de desenvolvimento atual, que aprofunda a perda de direitos. “Mas, não têm consenso sobre uma alternativa”, observou. “A transição não é só uma questão de vontade, mas depende de uma negociação delicada.  Será que um metalúrgico do ABC e um indígena da Amazônia querem a mesma coisa? O impacto do modelo atual é terrível na Amazônia e em outros locais. Mas o quanto nós, numa metrópole como São Paulo, dependemos de mineradoras assassinas como a Samarco? Pensando estas questões fica claro que a transição para esse novo modelo terá que ser negociada com os diversos setores”, defendeu.

O economista Ladislau Dowbor destacou o que denominou de “crise de governança”, que atinge tanto o mundo político quanto o mundo corporativo, em nível mundial. A raiz dessa questão está na concentração de poder inédita alcançada por um conjunto cada vez menor de mega-corporações, conforme estudos recentes. “Existe um conjunto de 147 grupos corporativos que controla 40% das corporações do mundo e isso distancia quem toma as decisões das suas consequências”, afirmou. Dowbor usou como exemplo a mineradora Samarco, responsável pelo maior desastre ambiental do Brasil, em Mariana (MG). “A Samarco é da Vale, que é da Valepar, que é do Bradesco, que faz parte de um grupo financeiro internacional que não entende nada de mineração. Então, mesmo que um engenheiro da Samarco diga que uma certa barragem traz riscos, não é dele o poder de decisão, mas de grupos financeiros que exigem uma taxa de retorno específica e não se importam com os meios para alcançá-la.”

Do ponto de vista político, o processo de captura por parte do grande capital acontece de diversas formas: por meio do financiamento empresarial, capturaram as eleições; com publicidade ou pela compra direta, capturaram a mídia; e capturaram o funcionamento do governo pela dívida e pela pressão da mídia pelos juros altos.

Isso acontece num momento de crise dos instrumentos de representação tradicionais, também acelerada por pressões dos mesmos grupos. “A questão é a erosão da governança mundial. Os partidos e os sindicatos estão minguando, as Organizações da Sociedade Civil estão sob ataque. Estão nos privando de instrumentos de governança”, afirmou o economista.

Para ele, um dos caminhos para enfrentar esse processo é apostar em novas formas de governança locais, fazendo pressão de baixo para cima. “Podemos resgatar as rédeas do processo pela territorialidade local. Não vai haver solução por cima enquanto não houver saídas por baixo”, defendeu.

Realizado pela Abong e pelo Iser Assessoria, o Seminário “Novos Paradigmas: Rumo ao Bem Viver” aconteceu na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e reuniu intelectuais e militantes para debater caminhos para a construção de uma nova sociedade, socialmente justa e que respeite os limites da natureza.

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