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17 de julho é celebrado como o Dia de Proteção às Florestas, data instituída para conscientizar sobre a importância dessa vegetação para o futuro da humanidade

Por Cristina Uchôa, do Observatório da Sociedade Civil

A maior preocupação atual em relação à proteção florestal está relacionada à agenda do governo federal. “A maior parte da vegetação florestal remanescente no Brasil está dentro de Unidades de Conservação (UCs) e terras indígenas, sob ameaça direta em propostas anunciadas pelo governo, de abrir essas áreas a atividades econômicas muitas vezes incompatíveis com a conservação da floresta”, afirma Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA).

As normativas de criação das UCs inclusive resultaram de esforços contínuos da sociedade civil, nas últimas três décadas, para defender a agenda de desenvolvimento sustentável. Para a comunidade científica, é evidente que a qualidade de vida da humanidade depende da existência de florestas, que abrigam incontáveis espécies de animais e plantas, ecossistemas fundamentais para a produção de água e outros elementos vitais. Florestas preservadas contribuem para a purificação do ar, a regulação o clima e a proteção do solo, inclusive urbano, ajudando a evitar deslizamentos de terra; protegem rios e nascentes, favorecendo o abastecimento de água nas cidades; e ainda dão oportunidade para diversas atividades econômicas como a pesca, o extrativismo e o lazer, entre outras.

Agora, lembra Adriana, “temos uma situação de que todas as políticas de conservação, para reduzir o desmatamento e construir um desenvolvimento a partir das florestas, estão totalmente desmobilizadas, elas sequer existem no organograma geral das políticas federais”.

Para Adriana, a floresta que está sob maior risco hoje é o cerrado, em razão da expansão da região do agronegócio de forma acelerada no Centro-Oeste. Há quem discorde, alerta ela mesma. Não pelos números, mas por entender que o cerrado não é um tipo de floresta, mas um bioma.

De toda forma, vale destacar que a floresta Amazônica e a Mata Atlântica, grande patrimônios florestais do Brasil e do planeta, também estão sob ameaça. “Na época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 km², ao longo de 17 estados*; hoje, restam 8,5 % de remanescentes florestais acima de 100 hectares, em comparação com a cobertura original ou, somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, são atualmente 12,4% de remanescentes”, aponta Beloyanis Monteiro, o Bello, da S.O.S. Mata Atlântica.

Bello ainda lembra que, em termos de relevância para a população humana, “vivem na Mata Atlântica atualmente quase 72% da população brasileira (IBGE, 2014); são mais de 145 milhões de habitantes em 3.429 municípios, que correspondem a 61% dos existentes no Brasil”.

A proteção das florestas contempla dois esforços: a preservação e a reposição das áreas desmatadas. Esta última é essencial, dado que os dados de perda de floresta no país já são alarmantes, mas não se pode esquecer que a preservação da mata nativa é indispensável, porque a conservação de remanescentes garante a riqueza da biodiversidade. A Mata Atlântica, por exemplo, abriga mais de 15 mil espécies de plantas e acima de 2 mil de animais vertebrados, sem contar os demais, como insetos e outros. De outro lado, alerta Bello, das 633 espécies de animais ameaçadas de extinção no Brasil, 383 estão na Mata Atlântica.

Rumo contrário

Se não bastasse uma postura de desmonte de políticas de preservação e proteção das florestas por parte do governo atual, tanto Adriana quanto Bello apontam que ainda se veem esforços de criminalização dos povos tradicionais, que historicamente trabalharam pela preservação das florestas, e de enfraquecimento das organizações e dos grupos que atuam com esse tema. “Hoje no Brasil há poucos recursos para isso [preservação da floresta Amazônica] e o pouco que tem está concentrado no Fundo Amazônia, que o governo brasileiro quer alterar significativamente, provavelmente tirando essa possibilidade de apoiar projetos locais, que são aqueles que contribuem efetivamente para conservar os remanescentes florestais”, lamenta.

“Também preocupa muito que os projetos de infraestrutura que têm sido sinalizados para a Amazônia resgatam projetos que nunca saíram do papel desde a década de 80 e desconsideram a vocação florestal da região”, acrescenta. Por fim, ainda se soma a abordagem de flexibilizar regras e estratégias de fiscalização, com a perseguição dos próprios agentes ambientais.
Para Adriana, vai se reforçando uma narrativa de um discurso que induz ao erro, como se desmatar fosse um direito. Para ela, exemplo evidente é do noticiário que abriu esta mesma semana, que relê nos seguintes termos:

–São conflitos significativos e crises como essa que aparece nos jornais, de que a ação de criminosos ambientais, que o governo chama de, abre aspas, madeireiros, fecha aspas, que queimaram uma ponte mas nos dizeres deles, abre aspas, fizeram protesto contra o Ibama, fecha aspas.

Faça sua parte

É possível agir localmente para preservar e proteger as florestas da sua região. Conheça projetos inspiradores que estão no “Banco de Práticas” do Projeto Novos Paradigmas, promovido pela Abong em parceria com o INESC, disponíveis no site: praticasalternativas.org.br

—- Produzir com a Floresta

—- Projeto Araucária

—- Selo Origens Brasil

Acompanhe também as informações e eventos que organizações ambientalistas prepararam para esta semana:

—- O ISA está programado a chamar atenção para o dia de proteção às florestas, divulgando os dados do seu sistema de monitoramento na bacia do rio Xingu – onde no último mês houve um aumento significativo do desmatamento. O sistema é o SiRadX, que disponibiliza o banco de dados de todos os seus boletins na página https://www.xingumais.org.br/siradx

—- Para o dia 21, domingo, a SOS Mata Atlântica prepara, com o coletivo de organizações “Coalizão Pró-UC”, domingo, a segunda edição da campanha “Um dia no Parque“, com o objetivo de incentivar uma cultura de visitação e turismo nas Unidades de Conservação (UCs), mais conhecidas como parques. Os detalhes de cada atividade, horários e detalhes da programação, bem como possíveis contatos com os organizadores, podem ser obtidos no site https://www.umdianoparque.net/

*RS, SC, PR, SP, GO, MS, RJ, MG, ES, BA, AL, SE, PB, PE, RN, CE e PI

(Foto: Pixabay)

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