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JpegHá algum tempo, o trabalho feito pela sociedade civil organizada se expandiu também para a internet, explorando o potencial das redes em disseminar informações e, inclusive, politizar novos espaços. O aumento de jovens engajados ou envolvidos de alguma forma com as manifestações de rua é reflexo disso.

Aos movimentos sociais antigos cresceu a importância de se pensar novas estratégias de mobilização e compreender o funcionamento das redes, adaptando-se a novas formas de comunicação. Já aos novos movimentos e coletivos que surgiram do meio virtual, fica a tarefa de compreender e valorizar o trabalho de base.

Essa relação entre movimentos sociais e o trabalho feito principalmente através da internet e das redes sociais atravessa também os movimentos da periferia e foi tema de reflexão em debate realizado pela Revista Fórum. O seminário “A periferia no Centro” contou com a participação de movimentos e coletivos políticos e culturais da periferia.

“A mídia só cobre a periferia quando alguém morreu ou quando alguém matou. Mas cadê a mídia cobrindo a vida das pessoas que moram lá e sustentam esse país? Que produzem cultura?”, o questionamento, feito pela militante Semayat Oliveira e outras mulheres, deu origem ao coletivo Nós, mulheres da periferia. No site do coletivo, lançado em 2012, as integrantes produzem reflexões sobre a vida da mulher da periferia, dando voz ao segmento que Semayat caracteriza como “à margem da margem”.

Para Douglas Belchior, ativista do movimento negro, as articulações estabelecidas dentro da rede podem contribuir com a luta dos movimentos sociais, principalmente frente à ausência da grande mídia, que ignora a população alvo da violência e da falta de direitos.

Como exemplo, Belchior destacou a recente chacina em Belém do Pará, divulgada e denunciada em tempo real pelas redes sociais. “Por causa das redes, todo mundo sabe que mais de noventa pessoas foram assinadas pela policia. O número oficial divulgado e reconhecido pelo estado é de nove. E não tem nenhuma declaração do governo federal sobre isso. O que temos de informação mais próxima da realidade está fora da imprensa e dos veículos oficiais”, afirmou.

Segundo Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), há um setor de organizações sociais e populares mais tradicionais que, historicamente, possuem dificuldade em aceitar novas formas de organização, como a propiciada pela internet e suas redes. No entanto, ele avalia que esse tipo de articulação vem se ampliando, uma vez que seu potencial de mobilização vem sendo cada vez mais importante aos movimentos.

Para ele, junho de 2013 foi um marco para estabelecer as redes como importantes instrumentos da sociedade civil organizada. “O que deu suporte para dar legitimidade social ampla às mobilizações dos movimentos sociais foi o trabalho das redes. A perspectiva e o objetivo de mudança social unem os trabalhos feitos através das redes e os realizados nas ruas”.

Por outro lado, Boulos afirmou que existe outra parte da sociedade civil que “se encantou” com o papel das redes e se esqueceu da importância do trabalho de base de movimentos sociais que existem há décadas.

No dia 13 deste mês, a Marcha Popular pelas Reformas: Contra a direita, por direitos!, convocada pelo MTST, reuniu, segundo o movimento, mais de 20 mil pessoas nas ruas de São Paulo. No evento do Facebook, pouco mais de 4 mil pessoas haviam confirmado presença na manifestação.

Além de exigir reformas em diferentes setores, comunicação, segurança pública, sistema político, entre outros, o ato atacou posições conservadoras e preconceituosas assumidas por muitas pessoas principalmente pelas redes sociais durante as eleições, como manifestações de ódio contra a população do Nordeste.

Para Boulos, foi um exemplo de que a mudanças exigidas pela sociedade só devem ocorrer com um amplo suporte das ruas. “É preciso resgatar o trabalho de base da organização popular, conciliando isso com o melhor das redes”, afirmou. Como exemplo, destacou a parceria do MTST com a Mídia N.I.N.J.A. na cobertura das manifestações.

Pablo Capilé, também presente no debate, representando a Mídia N.I.N.J.A., afirmou que  a rede independente de comunicação surgiu justamente para dar visibilidade aos sujeitos que defendem uma mudança da sociedade mas que não tem voz dentro da mídia tradicional.

Para ele, a conexão entre redes e ruas, engloba cada vez mais movimentos e coletivos e fortalece os já existentes. Essa disponibilização crescente da sociedade civil em se conectar, para ele, criará “um ciclo muito promissor no próximo ano, com a ampliação da capacidade dos movimentos em lutar por aquilo que acreditam, fazendo reformas fundamentais e ampliando os direitos no Brasil”.

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