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Argentino Página/12 traz em seu título ‘Bolsonaro a um passo’, enquanto jornal português Público fala em ‘colapso do sistema partidário brasileiro’

Do Opera Mundi

O resultado das eleições presidenciais realizadas neste domingo (07/10) foi destaque nos principais veículos de comunicação do mundo. O jornal alemão Süddeutsche, de Munique, afirmou que a ascensão de Jair Bolsonaro (PSL), que irá disputar o segundo turno contra Fernando Haddad (PT), é um “sinal de alerta para o mundo inteiro”.

“Que muitos cidadãos queiram tornar alguém como ele chefe de Estado, , de livre e espontânea vontade, mostra até que ponto chegou a democracia brasileira. A ascensão de um homem que arremete contra minorias, que aponta a ditadura militar como um modelo e que há um ano era considerado sem chances, é um sinal de alerta – não só para a democracia no Brasil, mas também para o mundo inteiro. A ânsia por slogans fáceis, radicalidade e promessas insustentáveis de salvação parece cooptar cada vez mais pessoas. Apesar disso, é insuficiente creditar o sucesso de Bolsonaro somente pela tendência mundial ao populismo de direita. O Brasil tem suas próprias preocupações específicas. Assim como todas os países emergentes da América Latina, ele é dependente da exportação de commodities e, no momento em que os preços caem, o país cai em crise”, diz o artigo.

O argentino Página/12 traz como título principal de seu site a manchete “Bolsonaro a um passo” e lembra que o candidato de ultradireita obteve larga vantagem sobre o ex-prefeito de São Paulo no primeiro turno. Bolsonaro alcançou 46% dos votos válidos, enquanto Haddad obteve 29%. Ao mesmo tempo, aponta que o candidato do PSL é mais semelhante ao presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que ao dos EUA, Donald Trump.

“Ao capital reformado, agrada que o comparem a Donald Trump, mas essa analogia é imperfeita: sua biografia e gosto por sangue o assemelham ao presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, uma referência em matéria de execuções extrajudiciais. Duterte é um tirano eleito, como poderá ser Bolsonaro no segundo turno do dia 28 de outubro”, diz.

O periódico ainda classificou a votação como “a mais tumultuada e imprevisível eleição brasileira” e ressaltou o perfil do candidato do PSL, “com sua defesa da tortura e da ditadura militar” e com suas “posições misóginas, machistas, homofóbicas e racistas”.

Autoritarismo político

Por sua vez, o jornal português Público diz, em artigo, que, com o resultado, se anuncia o colapso do sistema partidário brasileiro. O periódico também destaca a grande quantidade de deputados federais da legenda de Bolsonaro que foram eleitos e menciona os episódios “de eleitores que apertaram botões das urnas eletrônicas com revólveres, numa alusão à liberalização do porte de armas de fogo prometido por Jair Bolsonaro – e violando a lei, que não permite sequer levar telefone celular para a cabine de voto”.

“Jair Bolsonaro encarna o autoritarismo político. Mas pode vir a ser um Presidente débil, sob a tutela do Poder Judicial e das Forças Armadas”, afirma o periódico. “Os golpes estão fora de moda. Há formas mais “institucionais” de autoritarismo e controle social.”

O espanhol El País descreve Bolsonaro como “um político autoritário, racista, machista, homofóbico, um adorador da ditadura e defensor dos valores mais retrógrados”. Segundo o jornal, o Brasil “encara agora três semanas decisivas” de polarização.

Para o jornal, há uma espécie de blindagem de Bolsonaro, dado que os ataques a sua candidatura não impediram que ele terminasse o primeiro turno na frente. “O desinteresse brasileiro pela democracia, um sentimento que se acreditava ser inexistente até que Bolsonaro chegou, parece protegê-lo de qualquer ataque. E, dessa vez, o antipetismo, um sentimento que se sabia grande, mas não o quanto, o torna um combustível inextinguível”, diz o periódico.

Já para o britânico The Guardian, Haddad “tem uma montanha quase tão alta quanto Pico da Neblina para subir se quiser afundar a impressionante ascensão do populista de direita”. Analistas ouvidos pelo jornal dizem que é “essencial” que se forme uma “frente antifascista” caso se queira parar Bolsonaro.

Segundo o francês Le Figaro, a ascensão do deputado do PSL “se deve muito à sua aproximação com os evangélicos, muito influentes no Brasil e no Parlamento”. “Defensor ardente da ditadura militar, ele acredita que o erro da ditadura ‘foi torturar em vez de matar'”, publica o jornal que lembra da fala de Bolsonaro durante o voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, o qual dedicou ao torturador Brilhante Ulstra.

New York Times considera que uma vitória de Bolsonaro seria uma “mudança conservadora sísmica” no Brasil, e atribui seu crescimento às “divisões políticas que racharam o país nos últimos anos”.

O jornal norte-americano ainda menciona o sentimento contrário ao Partido dos Trabalhadores e escreve que “embora alguns eleitores tenham permanecido leais ao Partido dos Trabalhadores – que governou de 2003 a 2016 – por seus esforços para melhorar a vida dos pobres e da classe trabalhadora brasileira, muitos passaram a responsabilizá-lo pelas dificuldades financeiras e econômicas dos últimos anos”.

Por sua vez, o argentino Clarín diz que Bolsonaro “arrasa no Brasil” e ainda escreve sobre o comportamento do candidato.

“O que se pode prever do comportamento de Bolsonaro? Ele participará de debates televisionados com Haddad ou manterá sua estratégia de priorizar as redes sociais? Até agora, sua tática de não se expor mais do que o necessário deu-lhe resultados surpreendentes”, publicou o periódico.

 

(Foto montagem: Opera Mundi | Foto de capa: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

 

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