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Mobilizadas contra o avanço da Covid-19, comunidades da Terra do Meio (PA) implementam nova tecnologia para garantir acesso à saúde e evitar deslocamentos para a cidade

Por Isabel Harari, ISA

Em articulação pioneira na Terra do Meio, no Pará, ribeirinhos e indígenas vão ter acesso a saúde de qualidade sem sair de suas comunidades. Por meio da telemedicina, que combina tecnologia de comunicação, equipamentos e profissionais de saúde, consultas, exames e tratamentos serão realizados remotamente, a fim de evitar deslocamentos para a cidade e exposição ao novo coronavírus.

As Reservas Extrativistas (Resex) Rio Iriri, Rio Xingu e Riozinho do Anfrísio já contam com novos postos de saúde, pontos de internet e três técnicas em saúde. A iniciativa é fruto de uma parceria entre associações de moradores das Resex da Terra do Meio, ISA, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) e a organização norte-americana Health in Harmony, “Saúde em Harmonia” em tradução livre.

Extração de copaíba na Resex Riozinho do Anfrísio, comunidade mais remota do município de Altamira

Na primeira etapa da iniciativa, ao menos 1.000 ribeirinhos que vivem em uma área de 1,5 milhões de hectares e 500 indígenas de dois territórios serão beneficiados diretamente.

Grandes distâncias separam as comunidades da Terra do Meio das cidades. A comunidade mais remota do município de Altamira fica a cerca de 500 km do centro urbano e, em algumas épocas do ano, quando o rio Xingu está seco, o deslocamento de barco pode levar até uma semana. Em casos mais graves a remoção só pode ser feita por via aérea.

Assis Porto de Oliveira, presidente da Amoreri

“É um grande desafio viver hoje nesse cenário de pandemia. Se quem tem acesso amplo e mais rapidez para ter atendimento já passa pelo que passa, imagina a gente que fica nas Resex? É um desafio grande chegar até as comunidades. Com uma grande articulação de parceiros conseguimos nos organizar, tentando o combate ao coronavírus”, conta Francisco de Assis Porto de Oliveira, presidente Associação dos Moradores da Resex Rio Iriri (Amoreri)”.

Com a nova tecnologia, os atendimentos podem ser agendados via internet, com o acompanhamento das técnicas de saúde e dos profissionais da UFPA.

Os médicos vão consultar pacientes, orientar os cuidados a distância e avaliar se o deslocamento para a cidade é necessário. Também foram montadas farmácias com insumos básicos para garantir o tratamento nas comunidades.

“A saúde e proteção dos territórios são direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais, e a sua garantia extrapola o território das comunidades da Terra do Meio. A pandemia da Covid-19 e a emergência climática evidenciaram o que já sabíamos: não existe possibilidade de futuro sem a floresta e as populações que vivem nela”, aponta Biviany Rojas, coordenadora do programa Xingu do ISA.

“Os cuidados com a saúde ficam mais urgentes no contexto da pandemia”, comenta a dra. Kinari Webb, fundadora da Health in Harmony. “Aprendemos com as comunidades da Indonésia e Madagascar que os cuidados com a saúde são basilares para que continuem protegendo a floresta”.

O projeto espera garantir que os indígenas e beiradeiros, como são conhecidos os ribeirinhos que vivem nas beiras dos rios na Terra do Meio, fiquem em isolamento em suas comunidades. Altamira, município referência desta população, já contabiliza 112 mortes e 3,9 mil casos de Covid-19 confirmados, segundo boletim da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) divulgado ontem (7/9). Contabilizando os outros oito municípios da região, em queo tratamento é feito em Altamira, o número de óbitos sobe para 264 e o de casos para 10,6 mil.

Erika Pellegrino, psiquiatra de Altamira e coordenadora do programa da Health in Harmony no Brasil

 

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