No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, elas protestaram contra o machismo, o governo Temer e a perda de direitos
Por Kaique Santos, do Observatório
O manifesto de líderes feministas como Angela Davis e Nancy Fraser já adiantava uma paralisação de mulheres no mundo todo no 8 de março. No Brasil, não foi diferente. Atentando-se às realidades locais, além de se mobilizarem contra o machismo e a violência de gênero, mulheres de diferentes idades foram para as ruas protestar contra as novas reformas do Governo Temer, nesta quarta-feira.
Organizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) em conjunto com o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), o ato de São Paulo atraiu milhares de mulheres na Avenida Paulista. Na Sé, as manifestações foram organizadas pelos movimentos sociais, centrais sindicais e Marcha Mundial das Mulheres (MMM). O tema central era a luta contra a Reforma da Previdência, que deve atingir, principalmente, as mulheres. No fim da tarde, os dois atos se juntaram, reunindo cerca de 30 mil pessoas, segundo a organização.
De acordo com a psicóloga e feminista do Observatório da Mulher e Rede Mulher de Mídia, Rachel Moreno, esta foi a maior passeata dos últimos anos, mas não teve a devida atenção da mídia. “Foi fantástico. Lembrou os anos 70, 80. Infelizmente a grande mídia ignorou e deu maior importância para o futebol”, protesta. De acordo com ela, as mobilizações do 8 de março por todo o país vão fazer com que outras mobilizações aumentem.
Outras regiões
Pelo menos oito municípios do Rio de Janeiro realizaram alguma mobilização na rua. O tema feminicídio também foi lembrado nas manifestações. Há registro de atos em capitais como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Salvador (BA).
Em Borborema, na Paraíba, cinco mil mulheres se juntaram em marcha pelo fim da cultura do estupro e também contra a Reforma Previdenciária, segundo a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).
Encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pesquisa divulgada pelo Datafolha no Dia Internacional da Mulher revela que mais de 500 mulheres foram vítimas de agressão física por hora no Brasil, em 2016. A quantidade representa mais de 4 milhões de brasileiras, 9% do total da população das mulheres com mais de 16 anos. Se consideradas as agressões verbais, o número de vítimas triplica.
Gritos de ordem como “Fora, Temer!”, “Nenhuma a menos”, “Vem pra rua contra o machismo” eram ouvidos em manifestações de diferentes lugares. Pedindo a descriminalização do aborto, as mulheres também gritavam “O corpo é nosso”.