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Após duas ações sincronizadas com o objetivo de barrar a votação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que liberaria o cultivo de eucalipto transgênico no Brasil, os movimentos sociais saem com a sensação de vitória.

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Movimentos sociais denunciam que o grupo majoritário na CTNBio acredita que os estudos feitos pelas próprias empresas são suficientes.

Enquanto 1.000 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupavam a sede da empresa Suzano/Futura Gene, em Itapetininga (Estado de São Paulo) – onde está sendo desenvolvido os testes com a nova espécie -, outros 300 camponeses da Via Campesina interromperam a reunião da CTNBio, em Brasília.

As ações, que aconteceram durante a manhã da última quinta-feira, 05 de março, fazem parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres do Campo.

Para Atiliana Brunetto, da coordenação nacional do MST, trata-se de uma vitória parcial, já que nos próximo 30 dias a Comissão poderá, a qualquer momento, convocar uma outra reunião extraordinária para retomar o assunto.

“O mais importante é que conseguimos levar esse debate à sociedade. Não fossem essas ações, muito provavelmente o cultivo de eucalipto transgênico teria sido liberado sem que a sociedade nem se desse conta, e todo a população pagaria o preço”, disse a Sem Terra.

Outro ponto levantado pelos movimentos sociais é a responsabilidade e a natureza da CTNBio. Segundo Atiliana, é preocupante a composição da Comissão, composta por diversos cientistas e acadêmicos com interesses ligados aos das empresas que desenvolvem esse tipo de tecnologia.

Os movimentos sociais denunciam que o grupo majoritário na CTNBio acredita que os estudos feitos pelas próprias empresas defendendo os transgênicos são suficientes, mas esquecem que suas decisões têm graves consequências políticas, sociais e ambientais.

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Manifestantes ocupam reunião da CNTBio para protestar contra os transgênicos.

Prontidão

Segundo Atiliana, mais ações virão por esses dias com a jornada das mulheres camponesas, com o objetivo de denunciar os males do agronegócio e apresentando uma alternativa a esse modelo agrícola, com base na produção agroecológica.

Em relação à votação dos eucaliptos transgênicos, a Sem Terra diz que os movimentos sociais do campo estão atentos à movimentação da Comissão, e estão de prontidão para quando for necessário agir novamente.

Eucalipto transgênico

Segundo especialistas da área, uma possível liberação do cultivo de eucalipto transgênico poderia causar sérios impactos ambientais e sociais.

Um dos pontos é que grande parte da produção de mel brasileira seria contaminada pelos eucaliptos transgênicos, uma vez que qualquer mel produzido em colméias cujas abelhas visitassem flores de eucaliptos transgênicos também estará contaminado por material transgênico. Assim, os apicultores não conseguiriam mais produzir mel orgânico ou agroecológico.

Outra questão é o alto consumo de água. O eucalipto já é uma espécie que necessita de 30 litros de água por dia, e já provoca seca no norte do Espírito Santo e sul da Bahia. O transgênico consumiria ainda mais água durante os primeiros anos de crescimento, já que a colheita da nova planta para uso industrial seria feita com cinco anos, e não a partir dos sete, como atualmente ocorre.

Ainda por cima o eucalipto transgênico exige enormes quantidades de agrotóxicos. Um destes agrotóxicos mais utilizados nas plantações de eucaliptos é o sulfluramida, fortemente cancerígeno e proibido pela Convenção de Estocolmo, subscrita pelo Brasil e por mais de 152 países.

Fonte: Adital

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