A Cáritas Diocesana de Sobral deu início recentemente ao projeto Ecoforte, executado em parceria com a Cáritas Diocesana de Itapipoca. Com foco nas sementes crioulas, o projeto tem atuação nas duas dioceses abordando a garantia de direitos, a autonomia dos povos e a segurança alimentar através das sementes da vida, visando, ainda, o fortalecimento da Rede de Intercâmbio de Sementes (RIS).
O projeto beneficiará 29 comunidades no território da microrregião de Sobral, em um número aproximado de 800 pessoas, entre homens, mulheres, crianças e jovens.
Para refletir sobre a conjuntura de trabalho com as sementes crioulas em âmbito local e global e planejar a execução das ações estruturantes e mobilizadoras/formativas do projeto, foi realizado um encontro territorial com as comunidades beneficiadas pelo Ecoforte. O evento aconteceu nos dias 29 e 30 de abril no Centro de Treinamento do Sumaré – CENTRESUL, no município de Sobral. Quarenta pessoas participaram do encontro, entre agricultores/as, membros de instituições, como a Escola Família Agrícola – EFA Ibiapaba.
Participantes se juntaram em torno da mística dos povos da localidade e embalados com o canto poético do agente Cáritas Diocesana de Sobral Erivan Silva, que dizia: “Sou semente para a vida, resistente e produtiva”. No momento de apresentação, os olhares, as falas e os sorrisos manifestados por cada um e cada uma revelaram a esperança e a resistência do povo camponês no cuidado com as sementes.
A análise de conjuntura sobre a situação atual das sementes da vida (crioulas) foi conduzida pelo coordenador do projeto e agente Cáritas, Erivan Silva. “As sementes são um patrimônio nosso e sem elas não conseguimos ir adiante”, afirmou. No debate sobre a análise as/os participantes destacaram a atuação feminina nos processos participativos das alternativas que serão implementadas pelo projeto, sendo elas a cisterna de produção, o roçado comunitário, a criação de galinha e a casa de sementes. Após o debate, os participantes foram divididos em grupos por implementação. Com entusiasmo, teceram seus planejamentos refletindo estratégias de execução em cada comunidade.
À noite, o debate aconteceu em torno do documentário Sementes da Paixão, que retrata diretamente de agricultor para agricultor o amor e o cuidado cotidiano com as sementes. Semente é tudo aquilo que nasce. São sementes da gente, sementes da paixão, sementes da vida.
No findar do encontro, os participantes foram contemplados com a poesia de Rita de Cassia, agricultora da Comunidade de Riacho Fundo/Massapê, que retrata com alegria a lida camponesa no cuidado com a terra e sua forma agroecológica de trabalhar:
SEMENTE DO AGRICULTOR É A SEMENTE DO AMOR E DA ESPERANÇA
Todos dizem que sou agricultor,
até mesmo lavrador,
mas digo a vocês
sou trabalhador rural, sim, senhor.
Planejo meus trabalhos,
preparando a terra para plantar,
quem me diz quando é o começo
é o inverno que rezo logo pra chegar.
O inverno enfim chega
com as sementes preparadas eu estou,
o chão arado também está
e no roçado agora vou plantar.
Uns plantam milho e jerimum,
outros plantam feijão
tem quem plante melancia
e até as sementes da paixão.
Lhe digo, amigo agricultor,
eu planto no meu roçado a semente que for,
só nunca deixo de plantar
é a minha semente do amor.
Peço-lhe que plante no seu roçado também,
pois não importa a circunstância,
pois se nós der amor,
com certeza vai dar ESPERANÇA!
Fonte: Cáritas