São Paulo – No último sábado, movimentos sociais e culturais da zona sul de São Paulo e de Osasco se uniram em Campo Limpo, na capital, para fazer o primeiro “Fora Temer” da periferia. Com o slogan “Organizar os de baixo para derrubar os de cima”, eles protestaram por meio da música e outras atividades contra os cortes na Cultura, a falta de mulheres no governo provisório e fim das políticas públicas.
O tom do “Fora Temer” na periferia, no entanto, é diferente do que se tem visto nos centros das metrópoles, conforme relata Helena Silvestre, integrante do movimento Luta Popular . “Na periferia, esse ato tem um tom ainda mais radical. É na periferia que mais se sofre com a os cortes nas políticas sociais, com a homofobia, com o machismo, o racismo que este governo também fomenta e estimula, através das suas figuras públicas. A periferia não reconhece esse governo como legítimo”.
Pouco mais de um mês depois do afastamento da presidenta Dilma Rousseff, os moradores das periferias das grandes cidades já sofrem os efeitos dos cortes e reduções de políticas públicas. Ao lado da praça onde ocorreu o ato, existem sinais de moradores de rua. A população de Campo Limpo diz que essa nova realidade não era comum.
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Integrantes dos movimentos que lutam por moradia sinalizam para a desarticulação de programas habitacionais como uma das causas e apontam para consequências dramáticas: “Em Osasco, a gente vem de uma ocupação, que já vai completar três anos, que estava avançando para uma negociação. Agora o proprietário acabou de pedir a reintegração, com o cumprimento da liminar novamente. Na nossa avaliação isso tem a ver com a falta de perspectiva de que os programas de moradia vão seguir com esse governo”, diz Avanilson Araújo, coordenador do Luta Popular.
De acordo com o movimento, cerca de 2 mil terrenos estão em processo de desocupação e despejo, em São Paulo. Para a organização, há risco de conflitos brutais, como o ocorrido em Pinheirinho, em São José dos Campos, em 2012. “Onde tinha acordo, não vai ter mais acordo. Vai ter mais despejo, mais violência e vai ter um aumento do conflito social no país”, diz Avanilson.
“A periferia, na nossa opinião, ainda não foi para a rua. Porque, se tiveram grandes atos – e é verdade – esses atos poderiam ser ainda maiores, ainda mais negros, ainda com mais mulheres se a periferia fosse às ruas. E a periferia vai às ruas por um projeto radical, porque ela precisa de mudanças radicais. Por isso as periferias são “Fora Temer” e hoje é só o primeiro”, promete Helena Silvestre.
Fonte: Rede Brasil Atual