Veja os melhores momentos de 2016 para o povo indígena que juntou mais de 1,3 milhão de pessoas para apoiar a demarcação de seu território e proteger o rio Tapajós
Este foi um ano especial para o povo Munduruku, que vive ao longo das margens do rio Tapajós, no Pará. Marcados por uma luta de décadas pela demarcação de seu território e contra o represamento do rio pela gigante Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, foi em 2016 que mais de 1,3 milhão de pessoas se juntaram aos guerreiros Munduruku para dizer “salve o coração da Amazônia”. E conseguiram.
Veja a seguir os fatos mais importantes desse ano:
Em 2014, o povo Munduruku realizou a demarcação independente dos limites da Terra Indígena Sawré Muybu. Em junho desse ano, acompanhados de ativistas do Greenpeace e para reafirmar a disposição de continuar lutando pela demarcação, a lideranças indígenas percorreram a área para instalar cerca de 50 placas, semelhantes às usadas pelo governo brasileiro na identificação de terras indígenas. Também foram instalados paineis solares. A sinalização teve como objetivo contribuir com a luta histórica dos Munduruku pela defesa de seu território e a proteção do rio Tapajós.
A Terra Indígenas Sawré Muybu, sagrada para os índios, teve os estudos de identificação reconhecidos pela (Fundação Nacional do Índio) Funai em publicação do Diário Oficial no dia 19 de abril deste ano. Agora cabe ao Ministério da Justiça (MJ) seguir com o processo. No entanto, nem a Funai e nem o MJ deram qualquer explicação quanto ao cumprimento de suas obrigações legais.
Coincidindo com a visita de uma das diretoras-executivas do Greenpeace Internacional, Bunny McDiarmid, à Terra Indígena Sawré Muybu, o movimento de apoio global aos Munduruku e à proteção do rio Tapajós chegou a 1 milhão de pessoas.
“Não existe melhores guardiões para a floresta e para o rio Tapajós do que o povo Munduruku” – Bunny McDiarmid.
Arquivamento da Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós
Em agosto desse ano, o anúncio mais esperado foi finalmente noticiado: o Ibama cancelara o processo de licenciamento ambiental da temida hidrelétrica. Além de alagar a terra indígena Sawré Muybu, o projeto iria impactar dezenas de comunidades ribeirinhas e causaria impactos ambientais irreversíveis. Os Munduruku agiram para que essa notícia fosse transformada em realidade. Ela foi fruto da luta e da resistência dos indígenas e de todos aqueles que buscam uma matriz elétrica diversificada, com energia solar e eólica.
Mas atenção, ainda existem outros 42 projetos de hidrelétricas apenas na bacia do rio Tapajós e mais dezenas por toda a Amazônia.
As Terras Indígenas são essenciais para garantir o modo de vida dos povos originários que as habitam, além de serem hoje a maior barreira contra o desmatamento na Amazônia. Depois da Funai ter publicado os estudos de demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu em abril, o Ministério da Justiça tinha, segundo a lei, até 28 de novembro para apresentar seu parecer – o que não aconteceu. Mas o povo Munduruku não desiste, e foi à Brasília um dia após o prazo vencer para lembrar o governo que seus direitos estão garantidos da Constituição Federal.
Durante a manifestação, os Munduruku toparam fazer o “desafio do manequim” para chamar mais ainda a atenção das pessoas nas redes sociais para a sua luta. Veja o vídeo que já conta com quase um milhão de visualizações:
Ano que vem os guerreiros Munduruku continuarão preparados para resistir contra a destruição da Amazônia, seus rios e suas culturas. Assim como acreditamos que mais de um milhão de pessoas também estarão a postos para garantir que as tradições dos povos indígenas e a floresta continuem vivas, prontas para lutar pela revolução energética.
Fonte: Greenpeace Brasil