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Cabe à sociedade se indignar contra quem distorce a luta pelos direitos humanos

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‘Combata o mal com amor’ diz o cartaz deste militante, em L.A. – DAVID MCNEW / REUTERS

O massacre de ódio e terror ocorrido na boate gay de Orlando não pode ser limitado à territorialidade dos EUA. Atinge a todos que defendem os direitos humanos universais, lutam contra o discurso de ódio e se unem na defesa dos direitos das minorias.

Esse massacre, esse ato de ódio, ocorre exatamente no mês que o mundo celebra a origem das paradas do orgulho LGBT — o levante de Stonewall, no dia 28 próximo.

O autor do massacre, Omar Mateen, não é um rosto desconhecido. Ele representa todos aqueles que realizam deliberadamente o discurso de ódio em nosso dia a dia, e lá como aqui são corresponsáveis pelo assassinato desses cidadãos. A homossexualidade não é uma doença, mas a homofobia, sim, e nós, cidadãos de bem, precisamos ser protegidos dessas pessoas que chegam ao ponto de cometer o maior atentado contra cidadãos nos EUA desde o 11 de Setembro!

E as vítimas não são apenas a comunidade LGBT e nossas famílias, mas todos nós cidadãos de bem, seres humanos que acreditamos num mundo melhor onde os direitos de todos e todas sejam igualmente respeitados.

Cabe à sociedade se indignar e não permitir ser usada por pessoas que, deliberadamente de má-fé, distorcem a luta pelos direitos humanos em nosso país, com o intuito de semear o medo e incitar ao ódio, deturpando informações para usar cidadãos de bem e de boa-fé!

Se nós não nos indignarmos, a violência de hoje amanhã se voltará contra nós, não só restrita aos LGBT, pois tudo será uma razão ou causa para praticar a intolerância!

Toda pessoa que é homofóbica também é machista, é racista. Eles professam, na verdade, a violência contra quem pensa “diferente”, e essa é uma questão inaceitável num país tão etnicamente pluricultural como o nosso.

Daí a importância e a obrigação de o poder público não permitir a impunidade no nosso país contra crimes de ódio que, infelizmente, vêm numa grande crescente há dez anos, apesar do conhecimento do governo federal, que possui tais índices e praticamente nada faz, permitindo que politicas públicas pedagógicas de combate ao preconceito e à intolerancia sejam sistematicamente barganhadas e boicotadas!

Um LGBT é assassinado no Brasil a cada 23 horas, e os rostos dos assassinos são os mesmos conhecidos de todos nós, representado hoje pelo autor do massacre. Até quando?

Denuncie! Ajude a reverter a escalada dessa violência que atinge minorias em nosso país.

Se um de nós não tem direitos civis, nenhum de nós tem direitos civis.

Fonte: O Globo, por Carlos Tufvesson

 

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