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Por Cáritas

Com batom nos lábios e turbante na cabeça, cerca de 30 refugiadas e solicitantes de refúgio que vivem atualmente no Rio de Janeiro disseram não à violência contra as mulheres. Mas este foi apenas o primeiro “não”. Prossegue até a próxima quinta-feira, dia 10 de dezembro, a campanha global 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, iniciativa criada em 1991 por lideranças femininas de diferentes países para promover o debate e denunciar as várias formas de abusos contra as mulheres no mundo.

A campanha tem o apoio de agências da Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), que, em 2015, reafirmou seu compromisso com a prevenção da violência contra as mulheres, em geral, e contra as mulheres refugiadas e deslocadas, em particular. No Brasil, uma abordagem ampliada dos 16 Dias propôs o início das ações no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, a fim de incorporar a violência do racismo às discussões.

Foi neste marco que a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, organização parceira do Acnur, inaugurou uma série de atividades para debater a questão diretamente com as refugiadas e os refugiados. A primeira delas foi uma roda de conversa com profissionais do Movimento de Mulheres de São Gonçalo, na qual se falou sobre a lei brasileira de proteção às mulheres (Lei Maria da Penha) e os direitos das mulheres no Brasil. Mas, sobretudo, na qual houve a troca de experiências sobre o relacionamento entre homem e mulher em outros países.

Dentro da programação da campanha, mulheres refugiadas e solicitantes de refúgio de países como República Democrática do Congo, Colômbia e Ucrânia participaram de duas oficinas de valorização e autoestima, uma de maquiagem e outra de turbantes. Ambas as oficinas destacaram o protagonismo, o orgulho e a beleza femininos contra as violências dos padrões estéticos. ”A maquiagem pode ajudar a mulher a entender que ela é bonita”, afirmava a ucraniana Svetlana. “Quando a mulher cresce, normalmente ela não se acha bonita. Mas quando coloca uma maquiagem, ela se olha no espelho e diz: ‘nossa, sou linda’. Isto pode ajudá-la a desenvolver uma autoconfiança. Isto muda a mulher”, completou ela.

A congolesa Isabeli entendeu o mesmo recado. “Essa atividade mostrou que não existe mulher feia. Todas são bonitas. Eu não me maquio para os homens, mas para mim mesma, porque gosto de me sentir bonita”, observava a refugiada, que, assim como as outras participantes, levou para casa um kit de maquiagem doado por uma empresa parceira.

“Quanto mais aproximada você está das suas raízes, mais as pessoas vão rir. A violência da zombaria se dá porque essas mulheres não estão no lugar da beleza, estão no lugar de apenas sobreviverem”, assinalou a educadora Fabíola Oliveira, que comandou a oficina de turbantes e procurou enaltecer a importância da mulher africana na história do Brasil. ”O (uso do) turbante hoje se deu como um resgate da beleza, porque elas também são belíssimas. A maquiagem veio ressuscitar e fazer emergir essa beleza, que está ali presente, só que soterrada pelo cansaço, pelo medo, pela situação de indefinição”, completou.

A oficina, comandada pela maquiadora Fátima Barros, ensinou às mulheres como se valorizar por meio da maquiagem. “A maquiagem é uma libertação da mulher. É uma forma dela se expressar, do jeito que acha que deve. Quando você se maquia, você toma um tempo para cuidar um pouco de si mesma. É um momento só seu. Então, para mulheres que já sofreram violência, acho que é um momento de estarem se cuidando”, comentou a maquiadora.

As ações da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro para os 16 Dias de Ativismo continuaram com um debate sobre igualdade e diversidade por meio do artesanato na última sexta-feira, dia 27. Nesta terça-feira, 1º de dezembro, seria a vez da discussão ser levada para dentro do campo de futebol, com mulheres e homens refugiados participando de times mistos em jogos no estádio do Maracanã. Na próxima sexta-feira, dia 4 de dezembro, está prevista a realização de uma festa de fim de ano com os refugiados e refugiadas.

Fonte: Adital

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