O Estado do Rio Grande do Sul possui 4,8 mil pessoas fora de casa e 41 cidades afetadas pelas chuvas. Os temporais, no Estado, começaram no domingo (12) e devem se prolongar. O número de pessoas afetadas cresce rapidamente e já se calculam muitos prejuízos. Na última quarta-feira (15), aproximadamente quinze mil residências estavam sem energia elétrica no Estado; destas, oito mil tiveram a energia desligada por segurança.
Cinco cidades já decretaram situação de emergência: Rolante e Riozinho, região do Paranhama, Esteio, entre região metropolitana e Vale dos Sinos, Campo Bom no Vale dos Sinos e Barra do Guaratiba, na divisa com Santa Catarina.
O Rio dos Sinos (Vale dos Sinos) atingiu seu segundo maior nível em 50 anos, alcançando 7,53 metros nesta quarta-feira, sendo que o nível máximo é de 7 metros. Em 2013, a marca foi de 7,86 metros e pode ser alcançada novamente, já que a água que vem das regiões mais altas ainda está descendo. Um dos municípios mais atingidos é Novo Hamburgo, onde os arroios Pampa, Cerquinha, Luiz Rau e Gauchinho transbordaram, atingindo mais de 400 casas dos bairros Canudos, Roselândia, Liberdade e Santo Afonso.
A Defesa civil alerta para a possibilidade do aumento do nível do Vale dos sinos e do Vale do Caí. O rio Guaíba, na região da capital, Porto Alegre, também pode subir e atingir os moradores das ilhas. “A região metropolitana é muito baixa e, se a chuva continuar, muitas famílias podem ser atingidas”, explica Alexandre Martins de Lima, da Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, o volume de chuva registrado nos primeiros quinze dias de julho já superou a média histórica mensal de 121,7 milímetros, segundo dados do Sistema Metroclima – Sistema de Vigilância de Porto Alegre. Em alguns locais da cidade, as marcas pluviométricas podem chegar a 300 milímetros.
Pelo sistema Metroclima, há previsão de mais chuvas na região de Porto Alegre, seguida de uma frente fria que pode ser acompanhada de chuvas ainda mais fortes.
Em Esteio, segundo dados divulgados pela Prefeitura, em 36 horas o volume de precipitação chegou a 200 mm, 80 mm acima do esperado para todo o mês de julho. Agora, aos poucos o alagamento na cidade começa a baixar, surgindo então o lixo. Parte da cidade também está às escuras. A companhia de eletricidade da região desligou a energia elétrica para evitar curtos circuitos.
Ações da Cáritas:
A Cáritas Brasileira Regional Rio Grande do Sul e a Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo desenvolvem o Projeto Prevenção de Emergências, Construindo Comunidades mais Seguras – PPE,no bairro Santo Afonso há quatro anos, com uma estratégia de construção de redes de parceria para uma atuação articulada no aspecto da prevenção e da preparação das comunidades e famílias para o enfrentamento das emergências.
As ações do PPE estão contribuindo na mobilização do apoio necessário dentro de uma rede de parceiros. No dia 15 de julho, foram entregues fraldas, roupas infantis e kits de higiene e material de limpeza para 53 famílias abrigadas no Centro de Referência da Assistência Social/Santo Afonso – CRAS, um dos principais parceiros desse projeto no bairro. Os recursos para aquisição desses itens foram possíveis graças aos ‘bazares solidários’ realizados pelo Secretariado Regional da Cáritas Rio Grande do Sul, dos quais 10% dos recursos são dedicados especificamente para ações emergenciais.
De acordo com Jacira Ruiz, coordenadora do PPE, a cada situação de emergência fica mais claro que os problemas são agravados, também, devido à ausência de políticas públicas e iniciativas dos governos locais no sentido de trabalhar a preparação e prevenção, oferecendo infraestrutura e serviços voltados a minimizar e resolver as situações de emergências, evitando prejuízos ao município e às famílias que sofrem e adoecem a cada enchente/alagamento. Fica evidenciado, também, que sempre são os mais pobres que mais sofrem porque estão desprotegidos antes, durante e depois dos problemas socioambientais ocorrerem.
A Cáritas Regional Rio Grande do Sul e as Cáritas Diocesanas reafirmam a intencionalidade de continuar atuando em favor das comunidades vulneráveis, para que tenham seus direitos humanos efetivados.
“A tarefa é enorme, ainda temos muito que fazer. Às vezes, nos vemos como o beija-flor apagando o incêndio da mata com gotas de água do seu bico, mas fazendo nossa parte, embora pequena diante de enormes e complexos problemas”, afirma Jacira Ruiz.
Fonte: Cáritas