O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta em nota o profundo lamento e preocupação com o assassinato de três lideranças indígenas, em uma semana, no Brasil. “Avaliamos que os ataques covardes que mataram Eusébio Ka´apor, no dia 26 de abril, no Estado do Maranhão,Adenilson da Silva Nascimento, do povo Tupinambá, no dia 1º de maio, e Gilmar Alves da Silva, do povo Tumbalalá, no dia 03 de maio, estes no Estado da Bahia, não são fatos isolados. Trata-se de assassinatos sequenciais e seletivos de líderes e integrantes de povos indígenas no Brasil”.
O Cimi avalia que tais assassinatos são resultados “fáticos” da associação, que não seria casual, de três fatores principais: os discursos racistas proferidos por parlamentares ruralistas do Congresso Nacional, a paralisação dos procedimentos de demarcação e a omissão quanto à proteção das terras indígenas por parte do governo da presidenta Dilma Rousseff, além das decisões da 2ª. Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que anularam atos administrativos de demarcação de terras nos últimos meses. “Estes fatores servem de combustível que alimentam a sanha assassina dos inimigos dos povos indígenas no Brasil”, assinala a entidade.
“Os assassinatos em questão atestam o aprofundamento do processo de violação de direitos e de violências contra os povos indígenas no Brasil. Para fazer frente a esta situação, passa a ser fundamental que os assassinos sejam identificados e punidos, e que os fatores acima elencados sejam superados”, afirma o Cimi.
O último dos três indígenas assassinados nos últimos, Gilmar Alves da Silva, 40 anos, se dirigia à aldeia Pambú, povo Tumbalalá, município de Abaré (Bahia), quando a motocicleta que pilotava foi interceptada à força por um automóvel. Com o impacto, o corpo de Silva foi lançado ao chão de terra batida e alvejado por uma sequência de tiros.
Já o agente Indígena de Saúde Adenilson da Silva Nascimento, conhecido como “Pinduca”, 54 anos, foi assassinado por pistoleiros, numa estrada que liga Ilhéus ao município de Una, nas proximidades da aldeia Serra das Trempes, Terra Indígena Tupinambá de Olivença, na Bahia. O assassinato de Adenilson ocorreu apenas quatro dias depois de Eusébio Ka’apor, no Maranhão, morrer numa emboscada semelhante. Dois homens encapuzados cercaram e atingiram Eusébio com um tiro nas costas.