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A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) contabilizou uma perda de 907,6 bilhões de litros de água. Isto é decorrente dos vazamentos existentes em sua rede de distribuição, entre março de 2014 (início da crise hídrica) e setembro de 2015, nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Bragança Paulista.

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Esse volume representa pouco mais que o quádruplo (302% a mais) dos 225,7 bilhões de litros de água poupados, no mesmo período, em virtude da adesão dos consumidores ao bônus. Este é concedido pela estatal a quem diminui o consumo desde o início da atual crise hídrica.

Esses números foram constatados pelo levantamento realizado pelo site de dados públicos Fiquem Sabendo, com base em dados da Sabesp, obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação). (Veja o detalhamento dessas informações no infográfico abaixo).

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De acordo as informações disponibilizadas pela estatal, controlada pelo governo deGeraldo Alckmin(Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB), o volume mensal de água economizado graças à adesão da população ao bônus cresceu muito ao longo dos meses posteriores à implantação do programa de incentivo à diminuição do consumo. Em março de 2014, 2,8 bilhões de água foram economizados; três meses depois (em junho), esse volume passou dos 10 bilhões de litros poupados.

No entanto, entre abril deste ano, quando a quantidade de água economizada atingiu pela primeira vez a marca de 16 bilhões de litros, esse índice praticamente não se alterou.

Os dados relativos ao período de outubro de 2015 até agora só serão disponibilizados pela empresa no fim deste mês de março, quando divulgará seu balanço financeiro e operacional completo referente ao ano passado.

600,6 bilhões de litros perdidos nos vazamentos da rede da Sabesp

Dos 907,6 bilhões de litros de água perdidos entre março de 2014 e setembro de 2015, 600,6 bilhões de litros – o que equivalente a dois terços ou 66% do total desperdiçado – escaparam da rede de distribuição nos vazamentos existentes nas adutores ou redes de distribuição da própria Sabesp.

Esse número corresponde ao que a Sabesp classifica como perda física ou perda real. Ele abrange ainda os vazamentos entre os ramais prediais e o medidor (hidrômetro) do consumidor, e eventuais extravasamentos nos reservatórios de armazenamento de água.

Outros 306,9 bilhões de litros de água desperdiçados correspondem às perdas comerciais, também chamadas perdas aparentes. Elas abrangem o volume desviado por meio de fraudes, como os “gatos”, além de casos de imprecisão dos medidores de água, e falhas de cadastro (veja no quadro abaixo).

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Quantidade de água desperdiçada representa 92% do volume útil do sistema Cantareira

Os 906,7 bilhões de litros desperdiçados na Grande São Paulo e na região de Bragança Paulista durante 19 meses de crise hídrica, representam 92% da capacidade do volume útil do sistema Cantareira, que é 982 bilhões de litros de água.

Em janeiro de 2016, o Cantareira retomou o posto de principal manancial de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo; hoje, ele abastece 5,7 milhões de pessoas. Antes da crise hídrica, chegou a abastecer mais de 8,5 milhões de pessoas.

Grande São Paulo possui 64 mil quilômetros de tubos enterrados

A Região Metropolitana de São Paulo possui cerca de 64 mil quilômetros de tubos da Sabesp enterrados. Isto equivale a uma volta e meia em torno da Terra.

Esse dado consta de artigo do presidente da Sabesp, Jerson Kelman, publicado em janeiro deste ano, no jornal Folha de S. Paulo, no qual ele admitiu que a redução de pressão na rede de distribuição da estatal provoca a falta de água em imóveis localizados nas regiões mais altas da capital paulista. No texto, ao tratar deste assunto, ele argumentou: “Trata-se de uma medida preventiva para evitar um mal maior, que seria a exaustão da pouca água ainda armazenada nos grandes reservatórios”.

Número de vazamentos surpreendeu pesquisadora de Stanford

Convidada pelo Governo de São Paulo a vir ao Brasil para ajudar a encontrar soluções para a atual crise, em dezembro de 2014, a pesquisadora da Universidade de Stanford, na Califórnia [Estados Unidos], Newsha Ajami, surpreendeu-se com a quantidade de água que não chega às torneiras dos paulistanos devido aos vazamentos existentes nas tubulações da Sabesp.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Newsha afirmou: “O sistema do Estado tem cerca de 40% a 45% de vazamentos, então, eu me concentraria em aumentar a eficiência ao invés de racionar”.

Ao falar sobre o que deveria ser feito para contornar a atual crise no curto prazo, ela respondeu: “A primeira medida deveria ser consertar os vazamentos”.

Por que isso é importante?

A Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos) prevê que a água “é um bem de domínio público” e que um dos objetivos dessa política é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.

Essa mesma lei federal determina ainda que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.

Em julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias adequadas como um direito humano.

Combate às perdas é um programa permanente, afirma Sabesp

A Sabesp disse, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que a ação de combate às perdas é um programa permanente da empresa e que, nos últimos 10 anos, o índice de perdas físicas foi reduzido em 10 pontos percentuais.

Leia, abaixo, a íntegra da nota que a empresa enviou à reportagem:

“A ação de combate às perdas é um programa permanente da Sabesp. O total perdido em março de 2014 entre perda real (vazamentos) e perda aparente (comerciais) é de 30,8% do total produzido. Já em dezembro de 2015, o índice ficou em 27,1%. A Sabesp tem aumentado recursos aplicados no combate a perdas, mesmo antes da crise hídrica. Nos últimos 10 anos, o índice de perdas físicas por vazamentos foi reduzido em 10 pontos percentuais, estando, hoje, em 18%, próximo aos 16% do Reino Unido”.

Fonte: Adital 

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