A Social Progress Imperative é uma organização comprometida em apresentar ao mundo um processo baseado no novo índice de progresso social por meio de uma série de articulações de redes regionais e nacionais. Para entender um pouco desse trabalho, conversamos com Elaine Smith, uma das representantes da Social Progress Imperative no Brasil.
O momento é apropriado, uma vez que um de seus idealizadores esteve no Brasil, durante o TED Global no Rio de Janeiro, para falar da iniciativa. Confira o bate-papo:
redeGIFE – A Social Progress Imperative é uma organização independente que se originou da articulação de outros importantes atores no campo social. Como foi esse processo que culminou na criação da rede?
Elaine Smith – A Social Progress Imperative, que inclui tanto o Índice de Progresso Social e a Rede #Progresso Social, foi criada em 2012 nos Estados Unidos como uma organização sem fins lucrativos. 2014 marca o segundo ano que o Índice de Progresso Social foi publicado e o primeiro ano de funcionamento da Rede #Progresso Social. Em abril de 2013, durante o décimo Fórum Anual da Skoll World realizado na Universidade de Oxford, o Social Progress Imperative lançou o seu primeiro produto de pesquisa, o Índice de Progresso Social. A versão beta, que cobria apenas 50 países, já foi um esforço inovador para medir até que ponto os países satisfazem as necessidades não-econômicas de seus cidadãos.
A ideia original do Índice de Progresso Social foi concebida no âmbito do Conselho de Filantropia e Investimento Social, Fórum Econômico Mundial, presidido por Matthew Bishop, chefe do escritório da The Economist em Nova York, que assumiu em 2009 o desafio de aumentar o impacto das ações dos empreendedores sociais, líderes empresariais e formuladores de políticas públicas no mundo. Em 2009, o Conselho propôs a criação de um novo índice, inspirado no Índice de Competitividade Global, com o objetivo de estimular a competição entre as nações para melhorar o ambiente para a inovação social, da mesma forma que o índice de competitividade tem feito para os fatores de crescimento econômico.
O membro do Conselho Diretor, Brizio Biondi-Morra, Presidente da Fundação Avina, conseguiu com a Avina e com a Skoll Foundation os recursos iniciais para analisar a viabilidade de um novo índice, bem como fundos no Banco Compartamos. Brizio Biondi-Morra convidou Sally Osberg, Presidente da Skoll Foundation, e Álvaro Rodríguez Arregui, Sócio Diretor do IGNIA, para participar do Conselho Diretor do Social Progress Imperative. Posteriormente, Michael Green da Philanthrocapitalism juntou-se ao Conselho Diretor e, posteriormente, tornou-se Diretor Executivo. Foi igualmente importante para esta fase inicial, a Fundación Latinoamérica Posible, da Costa Rica, incluindo o seu presidente Roberto Artavia Loria e sua equipe.
redeGIFE – E de que forma o Índice de Progresso Social se diferencia de outras ferramentas que recomendam indicadores de desempenho social existentes hoje em dia?
Elaine Smith – O IPS é um índice que agrega indicadores sociais e ambientais que capturam três dimensões do progresso social: as Necessidades Humanas Básicas, os Fundamentos de Bem-Estar e as Oportunidades. O Índice mede o progresso social utilizando estritamente indicadores de resultados, e não o esforço que um país realiza para alcançá-los. Por exemplo, a quantidade que um país gasta em cuidados de saúde é muito menos importante que o bem-estar e a saúde realmente alcançados, medida por meio de indicadores objetivos de resultados.
A diferenciação do Índice de Progresso Social ocorre pelo fato de incorporar os seguintes princípios básicos: (1) Indicadores exclusivamente sociais e ambientais: seu objetivo é medir o progresso social diretamente e não por meio de variáveis econômicas; (2) Foco nos resultados: seu objetivo é medir os resultados que são importantes para a vida das pessoas (outputs), não os investimentos ou esforços realizados (inputs); (3) Factibilidade: o índice pretende ser uma ferramenta prática que possa ajudar dirigentes públicos, líderes empresariais e da sociedade civil a propor e apoiar a implementação de políticas públicas e programas que acelerem o progresso social; e (4) Relevância: seu objetivo é medir o progresso social de forma holística e abrangente, englobando todas as regiões/territórios independente de seu nível de desenvolvimento econômico.
redeGIFE – Como a rede chegou ao Brasil e de que forma seus princípios e práticas estão sendo disseminados? Que articulações e iniciativas podemos destacar?
Elaine Smith – Em agosto de 2014, SPI, Fundación Avina e Deloitte, promoveram um seminário de apresentação da ferramenta para um público de 60 especialistas de organizações sociais, empresariais e acadêmicas. Ali se discutiu a aplicabilidade estratégica do índice na conjuntura brasileira e muitas contribuições foram recolhidas para o aprimoramento da versão até então beta do IPS.
No mês seguinte, houve a apresentação para mais de 1.500 participantes da Conferência Ethos, conduzida por Michael Porter e Michael Green. Muitas pessoas se interessaram pela abordagem Sócio Ambiental do índice e alguns projetos nasceram. Um deles foi o IPS Amazônia, que foi lançado em 23 de agosto de 2014. Outro projeto chamado IPS Comunidades está em fase final de formatação. É uma iniciativa de empresas que atuam na Amazônia brasileira. A rede #Progresso Social Brasil nasce a partir dessas iniciativas e se formalizou com a assinatura de um acordo de colaboração acordado por 14 instituições que começaram a utilizar o IPS como ferramenta para guiar seus investimentos, alinhar suas ações e aumentar seu impacto social coletivo.
redeGIFE – De que forma institutos, fundações e empresas podem utilizar o índice para avaliarem seus esforços, investimentos e resultados de forma mais estratégica?
Elaine Smith – O índice pode ser usado por líderes do governo, empresas e pela sociedade civil como uma ferramenta capaz de gerar insumos para processos de tomada de decisão e avaliação de impacto das ações sociais ou políticas públicas desenvolvidas. O IPS tem a característica de avaliar comparativamente o sucesso de países, municípios ou comunidades e catalisar a ação. O IPS provê um marco conceitual e metodológico global que se adapta ao contexto para impulsionar ações locais, a partir de alianças multisetoriais. Nossa visão é de um mundo em que o progresso social se encontre juntamente com a prosperidade econômica, como um dos dois indicadores nacionais de sucesso.
Para saber mais sobre a Social Progress Imperative e o Índice de Progresso Social, acesse.
Fonte: GIFE