Questões de gênero? Presente!
Perseguidoras e perseguidores de uma sociedade de justiça e paz e da preservação de um Estado Laico de fato, nós, RELIGIOSAS E RELIGIOSOS das mais diversas religiões, espiritualidades e comunidades de fé, por meio deste Manifesto, lançamos nosso apoio a uma escola para todas e para todos, princípio que deveria orientar o Plano Nacional de Educação (PNE) e que deve guiar os Planos Municipais de Educação (PMEs). Defendemos como essencial a abordagem das questões relacionadas a gênero para o combate à violência e à exclusão escolar. Acreditamos ser importante que educadores e educadoras sejam preparados/as para abordar esses temas de forma consciente, responsável e inclusiva.
Compreendemos ser um equívoco a chamada “ideologia de gênero”, uma vez que a palavra “gênero” não é uma ideologia, mas sim um conceito utilizado para definir as construções sociais sobre o feminino e o masculino. Ou seja, os debates sobre as relações de gênero visam à compreensão da naturalização histórica da relação hierárquica e opressora de homens sobre as mulheres e a imposição de estereótipos para o feminino e o masculino. Assim, o debate sobre gênero se faz essencial para a desconstrução de uma ideologia patriarcal, misógina e heteronormativa ainda dominante em nossa sociedade.
A violência no Brasil é um dado alarmante, que tem feito milhares de vítimas diariamente, e um número significativo desses casos tem motivação sexista. Esse é o caso da violência contra a mulher e contra a população LGBTT. Para que possamos mudar esses índices, é necessária uma transformação cultural, e nisso a educação possui um papel fundamental. Para que tenhamos uma sociedade que compreenda e viva de fato a igualdade entre os gêneros, o respeito com as diferentes identidades e orientações sexuais, precisamos falar abertamente sobre esses temas, nas escolas e em diferentes espaços, substituindo uma concepção de mundo patriarcal por uma visão de mundo plural.
Assim, manifestamos nosso repúdio às vozes fundamentalistas que se recusam a contribuir para a construção de um país justo para todos e todas. Reivindicamos, como RELIGIOSAS E RELIGIOSOS que lutam pela laicidade do Estado, um PME que reflita sobre uma educação pública de qualidade e que, junto a isso, compreenda a pluralidade de nossa sociedade e o papel da educação na transformação das realidades de violência, desigualdade e intolerância.
Brasil, 19 de junho de 2015
Aliança de Batistas
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
CECA – Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria
CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço
CLAI Brasil – Conselho Latino Americano de Igrejas
Coletivo Negrada – Organização de Estudantes e Professores Negros/as e Cotistas da UFES
CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
Diaconia
FEACTBR – Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil
FLD – Fundação Luterana de Diaconia
IEAB -Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
IPDM – Igreja Povo de Deus em Movimento
KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço
Mutirão – Espiritismo e Direitos Humanos
PAD – Processo de Articulação e Diálogo
PROFEC – Programa de Formação e Educação Comunitária
REJU – Rede Ecumênica da Juventude
RENAFRO – Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde
UNIPOP- Instituto Universidade Popular
Fonte: CESE