Presidente do Conselho Mundial da Paz avalia que manifestações devem aumentar em ‘tom, quantidade e contundência das denúncias’
Milhares de pessoas em todo o mundo saíram às ruas neste sábado (19) para protestar contra a ofensiva realizada por Israel a Gaza, que desde o começo da operação, há 12 dias, deixou mais de 340 mortos e milhares de feridos e desabrigados. Em São Paulo, cerca de 3 mil pessoas exigiram o boicote à política de guerra instaurada por Israel e o cessar fogo imediato
Em Londres, mais de 100 mil pessoas protagonizaram um dos maiores protestos dos últimos anos. Para a presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, a tendência é que esses “protestos aumentem em tom, quantidade e contundência das denúncias” no Brasil e no mundo.
Na capital inglesa, milhares de pessoas juntaram-se à passeata que foi do gabinete do primeiro-ministro, David Cameron, até a embaixada israelense. Os manifestantes carregavam cartazes pedindo para Israel cessar os ataques aos palestinos em um dos maiores atos realizados na cidade nos últimos anos.
Na capital francesa, Paris, a polícia reprimiu violentamente a manifestação. Pelo menos 38 pessoas foram detidas. “Somos todos palestinos”, gritavam os manifestantes que ignoraram a proibição da Secretaria de Segurança Pública da cidade para a realização do ato. Houve confronto com a polícia e o protesto terminou com dois veículos queimados.
Autoridades francesas justificaram a ação devido ao fato de que algumas pessoas na última semana tentaram invadir uma sinagoga. A França reúne a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em mais de seis milhões de pessoas.
Também foram realizadas manifestações em Santiago do Chile, onde cerca de cinco mil pessoas saíram às ruas com uma bandeira palestina gigante para demonstrar descontentamento pelas ações do governo israelense. “O mundo cala, Palestina resiste”, dizia um dos cartazes. Belgas, sul-africanos, turcos, indonésios, alemães e até israelenses também manifestaram solidariedade à causa palestina.
Em Israel
Na região norte de Israel, na cidade portuária de Haifa, houve contronto entre manifestantes nacionalistas – que apoiam o exército do país – e os contrários às investidas contra a Palestina. A polícia interveio para separar ambos grupos e impedir um choque de maiores proporções por conta do conflito armado na Faixa de Gaza e no sul de Israel.
Uma situação similar ocorreu também em Tel Aviv, onde ativistas de ambos os lados se manifestaram perante o teatro Nacional Habima, no centro da capital israelense. Manifestações contra a ofensiva ocorreram também em vários povoados de minoria árabe de Israel, em sua maioria de origem palestina.
Em São Paulo
Cerca de 3 mil pessoas caminharam da sede da Rede Globo até o Consulado de Israel entoando palavras como “Estado de Israel, Estado assassino. Viva a luta do povo palestino”. Movimentos sociais de diversas tendências somaram-se à mobilização.
Socorro, que também é presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), ressaltou que há um movimento crescente em todo o mundo contra o governo de Israel que “não acata nenhuma das resoluções internacionais”. Além das ações que ocorreram em São Paulo e em Brasília nesta semana, estão previstos atos em outras cidades brasileiras nos próximos dias.
“Está crescendo a consciência. Os povos estão chocados com o assassinato de crianças, mulheres, velhos e com a prisão de adolescentes realizada por Israel”, avalia Socorro Gomes. Em 1947, a resolução da ONU que criou o Estado israelense previa a formação do Estado da Palestina, mas “Israel se impôs pela força. A humanidade não pode se calar. Por isso a tendência é aumentar o tom, a quantidade, a contundência das denúncias e a solidariedade dos povos palestinos”.
Na próxima quinta-feira (24), será realizado, a partir das 19h, um ato em solidariedade ao povo palestino com a presença do embaixador da Palestina, Ibrahim Mohamed Khalil, na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé (Rua Rego Freitas, 454 – 1º andar – conj. 13, próximo ao metrô República, centro).
Com informações do Opera Mundi e da agência EFE