Três integrantes do movimento foram condenados nove anos após mobilização. Construção da usina Tucuruí atingiu mais de 32 mil pessoas.
A usina de Tucuruí | Crédito: Agência Brasil
Três ativistas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) foram condenados pela Justiça Federal de Marabá nesta quinta-feira (14). O motivo foi uma mobilização feita pelos atingidos por causa da hidrelétrica de Tucuruí, em 2007.
Em nota, o MAB disse receber a notícia com indignação, criticando a atuação do Judiciário. “Ao longo dos mais de 20 anos de organização do MAB, vimos que a Justiça tem sido utilizada como um instrumento de criminalização dos defensores de direitos humanos e violação ao direito de organização e luta. Pesam contra o Movimento uma série de interditos proibitórios de norte a sul do país, inibindo milhares de famílias atingidas que fazem a justa luta por direitos”.
Caso
A hidrelétrica de Tucuruí, construída ainda no regime militar, é a maior hidrelétrica genuinamente nacional, localizada no Rio Tocantins a 310 quilômetros de Belém. A área encoberta da obra pode ser comparada há 304 campos de futebol, o equivalente a 3.007 km². A barragem deslocou cerca de 32.000 pessoas de suas moradias e há mais de 30 anos elas lutam para garantir direitos
Em 2007, militantes do MAB ocuparam a usina como forma de protesto. Esta ação resultou no processo judicial.
“O modelo de construção de hidrelétricas em nosso país tem causado ao longo da história graves violações de direitos humanos […] Isso acontece, especialmente, pela inexistência de uma política nacional de direitos dos atingidos por barragens que deva ser seguida pelas empresas em todo país”, critica o movimento.
A ausência dessa política, segundo o movimento, deixa vulneráveis desde famílias atingidas por obras antigas, assim como continua a atingir novas pessoas, como no caso do rompimento das barragens da mineradora Samarco (Vale-BHP Billiton), que afetou milhões de pessoas ao longo da bacia do rio Doce.
“A condenação dos companheiros, que para nós serão presos políticos, é mais um triste capítulo dessa história, mas não nos leva a baixar a cabeça. Enquanto houver direitos sendo violados, os atingidos por barragens vão continuar em luta”, denuncia o MAB.
Fonte: Brasil de Fato