Investigação aponta que denunciados integravam organização criminosa que cooptava pessoas para se instalar no interior de terra indígena.
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Após dois anos de investigações, o Ministério Público Federal (MPF) protocolou na Justiça Federal, na sexta-feira passada (11), denúncia contra 13 pessoas acusadas de envolvimento nas sucessivas invasões da terra indígena Marãiwatséde, no nordeste de Mato Grosso (MT).
A investigação apontou que os denunciados integravam uma organização criminosa que cooptava pessoas para ingresso e instalação no interior da terra indígena, além de impedir que as mesmas saíssem da área. Ao todo, o MPF imputou oito crimes aos envolvidos: invasão de terras públicas, resistência, associação criminosa, incêndio, roubo, corrupção ativa, incitação ao crime e crime de dano.
Homologada em 1998, a reserva Marãiwatséde já foi palco de diversos conflitos entre fazendeiros e indígenas. O início das investigações do MPF em conjunto com a Polícia Federal, em 2012, se deu em um desses momentos, quando os acusados e outros invasores tentaram impedir a operação de desintrusão – retirada dos não-índios – realizada pela Força Nacional, em cumprimento a uma decisão judicial que reconheceu o território dos índios Xavante e determinou a retirada de todos os invasores da área de 165 mil hectares.
Na ocasião, os acusados teriam cercado e ameaçado policiais militares e da polícia rodoviária federal. Segundo o Ministério Público, os policias também sofreram lesões e tiveram os veículos que usavam depredados.
‘Aglomerados no Posto da Mata com incentivo, apoio e financiamento de grandes fazendeiros e políticos da região, um grupo de posseiros decidiu resistir de todas as formas possíveis ao cumprimento da ordem judicial. A partir daí, uma série de fatos criminosos se sucederam, todos promovidos pela associação criminosa denunciada, visando impedir de todas as maneiras a ação dos órgãos federais que auxiliaram a Funai no plano de desintrusão da terra indígena’, esclarece a Promotoria no texto da denúncia.
Em sua denúncia, o MPF também faz menção para o envolvimento da Associação dos Produtores Rurais de Suiá-Missú (Aprosum) que incentivava as ações criminosas. A associação recebia recursos de apoiadores de outros Estados para financiar suas atividades, de modo a inviabilizar o acesso de índios aos seus territórios.
*Com informações do Ministério Público Federal.
Fonte: Brasil de Fato