Além das pautas relativas ao campo, o movimento dos sem-terra se opõe à aprovação do PL 4330, que pretende legalizar a terceirização das atividades-fim de empresas
A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de São Paulo foi ocupada por cerca de 600 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na manhã desta quinta-feira (30). Os sem-terra exigem a desapropriação de áreas para criação de novos assentamentos: só em São Paulo, existem 3.000 famílias acampadas. Além disso, os trabalhadores reivindicam assistência técnica e programas de habitação, bem como a implementação de programas de agroecologia para os assentamentos já existentes.
A ação é continuidade da Jornada de Lutas do “Abril Vermelho”, organizada pelo movimento. Na ocasião, ocorreram diversos atos e ocupações pelo país exigindo a reforma agrária e o assentamento das famílias acampadas. No estado paulista, foram dez ocupações durante a jornada; como resultado disso, em Ribeirão Preto foram assentadas 700 novas famílias.
Segundo Kelli Mafort, da direção nacional do MST, a lentidão da reforma agrária pode ser atribuída ao predomínio do agronegócio no campo e a especulação imobiliária, que encarecem as terras para a aquisição de novas áreas. “A reforma agrária está bloqueada pela força que exerce o agronegócio e a especulação imobiliária. Estamos em luta para não perder nenhuma conquista e para desbloquear a reforma agrária e o contingenciamento do orçamento”, afirma.
1º de maio
No dia seguinte, os sem-terra vão se somar aos trabalhadores urbanos nos atos do Dia do Trabalhador, que vão ocorrer no vale do Anhangabaú. Além das pautas relativas ao campo, o MST se opõe à aprovação do PL 4330, que pretende legalizar a terceirização das atividades-fim (a função principal) de empresas.
As organizações do campo avaliam que as consequências da aprovação do PL para os trabalhadores rurais serão grandes. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercílio Broch, a aprovação da PL 4330 e a expansão da livre terceirização no país só têm como objetivo consolidar uma situação que beira o insustentável. “Nós já vivemos uma extrema fragilidade de direitos no campo. Dos trabalhadores sem carteira assinada, 40% estão em empregos temporários, na informalidade. A precarização aumentará ainda mais se esse texto for aprovado”, afirma.