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O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação vem a público manifestar sua preocupação diante dos acontecimentos que envolvem a Operação Lava Jato, a crise política em curso no país e o papel que os meios privados da comunicação têm jogado neste contexto.

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação vem a público manifestar sua preocupação diante dos acontecimentos que envolvem a Operação Lava Jato, a crise política em curso no país e o papel que os meios privados da comunicação têm jogado neste contexto. Deflagrada em março de 2014, a operação da Polícia Federal para apurar denúncias envolvendo a Petrobras tem sido usada pela grande mídia brasileira para atacar a Petrobras, o governo e o Partido dos Trabalhadores. Esta afirmação vai muito além da opinião e da constatação, desconcertante até, da forma como as notícias têm sido veiculadas e manipuladas para atender a um objetivo político.

Acompanhamento do projeto Manchetômetro  (link http://www.manchetometro.com.br/cobertura-2015/cobertura-2015-operacao-lava-jato/) – mantido por pesquisadores do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – demonstra a parcialidade da cobertura pelo flagrante número de manchetes negativas produzidas pelos jornais impressos e pelo tempo dedicado pelo Jornal Nacional para atacar o governo federal, o PT e a presidenta Dilma Rousseff, em comparação com as menções neutras e com menções negativas e a outras instituições.

A cobertura espetacularizada das prisões e ações de busca e apreensão promovidas pela Polícia Federal tem se afastado cada vez mais do jornalismo, ao fazer vazamento seletivo de informações, ao dedicar manchetes criminalizando e condenando pessoas e instituições que estão sob investigação, muito antes de haver decisões do Judiciário sobre o real envolvimento e comprovação das denúncias.

A total falta de isenção com o qual os meios de comunicação têm tratado o tema é um ataque ao direito dos cidadãos à informação plural e diversa, e à democracia. O noticiário (impresso ou eletrônico) não dá espaço para os acusados e seus advogados se defenderem, e tampouco dedica espaço proporcional a outras operações da Polícia Federal e a denúncias envolvendo governos de outros partidos, como o PSDB e suas lideranças. Durante praticamente todo o ano de 2015, insistiu em minimizar as denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Na escolha do que noticiar, com que destaque e tempo, os meios de comunicação realizam uma verdadeira censura privada, que compromete o debate público, alimenta a crise e aumenta o ódio e o preconceito.

Na última sexta-feira, 4 de março, um novo episódio deste golpe jurídico-midiático foi dado com a 24ª fase da Operação Lava Jato e a cobertura dedicada à condução coercitiva do ex-presidente Lula pela Polícia Federal.

A edição dos telejornais e a cobertura dos veículos impressos sobre a ação da PF foi claramente desproporcional no sentido de avalizar a ação e criminalizar o ex-Presidente.

Estes fatos só reforçam o alerta que o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação vem dando há pelo menos dois anos: a democracia brasileira corre perigo num cenário de monopólio dos meios de comunicação.  Não há democracia sem uma comunicação democrática, porque os meios de comunicação privados impedem a circulação de fatos e opiniões, manipulam as notícias e invisibilizam a voz de amplos setores sociais. Neste cenário:

1)    Reafirmamos nosso compromisso com a luta pela democratização da comunicação no Brasil, luta que se materializa na defesa de um novo marco regulatório para as comunicações.

2)    Mantemos firme nossa bandeira e nossa pressão sobre o governo federal para que a Presidenta da República cumpra o seu compromisso de realizar uma ampla discussão pública sobre o tema. A ausência de iniciativa do Estado brasileiro no campo da comunicação, no sentido de realizar uma ampla reforma de sentido democrático para ampliar a diversidade e a pluralidade de vozes nos meios de comunicação, tem trazido diariamente danos sociais, culturais e econômicos para a sociedade, refém de um pensamento único que corrói as bases da democracia.

3)    Reiteramos a denúncia contra a censura privada promovida pelos grandes meios de comunicação. Nossa bandeira maior é a defesa da liberdade de expressão para todos, da democracia e do Estado Democrático de Direito.

Brasília, 8 de março de 2016.

Fonte: FNDC

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