O cientista social e jornalista Fernando Rossetti ocupou cargos em diversas organizações da sociedade civil: foi co-fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz, também foi secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), diretor-executivo do Greenpeace Brasil e chairman da Worldwide Initiatives for Grantmaker Support (Wings). Ele trouxe descontração para sua palestra “O que não fazer quando se está captando com Fundações ou com a Cooperação Internacional”, realizada na tarde de quarta, dia 06, no Festival ABCR.
Depois de apontar um contexto favorável sobre o aumento no volume de recursos internacionais, com tom jocoso, mas trazendo um conteúdo seríssimo, apresentou 11 pontos cruciais na hora de captar com esses financiadores. Mas, lembrou: “foi uma brincadeira, mas se colocados de foram positiva, serve como guia para captação”. São eles:
Pense apenas na proposta -” Pensar no seu próprio projeto ou organização sem considerar ou se alinhar com o posicionamento estratégico do potencial doador garante uma bola fora.”
Aja como se só existisse seu projeto ou organização – “acreditar que sozinho consegue-se mudar uma realidade por deixá-lo…sozinho”
Ser uma Jabuticaba – “quando a organização é tão diferente, que não sabe como se explicar. Nenhuma complexidade é intraduzível”.
Depender exclusivamente do financiamento que busca – “depender demais do financiamento vai te afastar do recurso”
Esquecer da transparência e não saber o que é accountability – “Não ter bons relatórios, indicadores e números te deixará sem dinheiro”.
Desprezar a governança e descuide de seu conselho – “Ter conselhos fracos, apenas proforma, assustará potenciais financiadores.”
Só tenha objetivos de longo prazo e intangíveis – “Vender ações sem delimitar os passos que serão dados a cada momento e como se medirá a evolução periodicamente não convence um investidor”.
Pensar pequeno e apenas na sua comunidade – “vá além e pense como seu projeto pode gerar conhecimento”
Esquecer o financiador depois que o cheque foi depositado – “É importante a construção de confiança e cuidar do relacionamento com o doador que pode continuar doando”.
Considere o doador como um auditor – “nossa comunicação tudo é sempre lindo, sem problema. Comunicar apenas boas notícias vai gerar no final uma má notícia e falta de confiança.”
Posso mandar amanhã? “Claro, mande quando quiser e nós avaliaremos também quando quisermos”
Rossetti, que hoje é sócio-diretor da empresa de consultoria GIP – Gestão de Interesse Público, ainda deu uma dica importante: o Foundation Maps (com dados a partir de 2006) levantamento criado pelo Foundation Center, associação de fundações no Estados Unidos, que apresenta quem financia, o destino dos recursos e quais são as áreas beneficiadas. “Hoje, é a principal ferramenta para explorar e olhar para o hemisfério norte e saber onde captar. É pago, e não é barato, mas para captar é preciso investir”, garantiu.
Fonte: Associação Brasileira de Captadores de Recursos