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Segundo Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba, realizado no último dia 9/11, homenageou a cantora Leci Brandão

Por Thais Zimbwe, da Cardume(*)

Igualdade, sororidade e empoderamento feminino deram o tom à segunda edição do Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba, que aconteceu simultaneamente em 25 cidades brasileiras e, também, na cidade de La Plata (Argentina), em Lisboa (Portugal) e Florença (Itália), no último dia 9/11.

O Encontro teve como objetivo principal aumentar a visibilidade e divulgar a atuação das mulheres do samba, nas mais variadas áreas, fortalecer os projetos culturais e rodas de samba conduzidas pelas mulheres e criar uma rede de intercâmbio e fortalecimento entre as centenas de milhares de cantoras, compositoras, produtoras, instrumentistas e realizadoras de samba no país.

“Nós buscamos fortalecer nosso segmento, mostrar que quando as mulheres se juntam e se organizam, fazemos o samba, formamos um elo que dá visibilidade à instrumentistas, compositoras, arranjadoras, cantoras, com o intuito de colocar a mulher em destaque e deixa-la se colocar no lugar que quiser”, explica a cantora Dorina Barros, idealizadora do evento.

A homenageada de 2019 foi a cantora e compositora Leci Brandão. Nascida em Madureira, no Rio de Janeiro, Leci começou a trilhar carreira como cantora e compositora no final da década de 1960. Uma das pioneiras do samba, ela quebrou muitos estigmas ao se tornar a primeira mulher a fazer parte do time de compositores da Estação Primeira de Mangueira, em 1972.

Considerada uma das principais intérpretes do país, Leci acumula 23 álbuns gravados. Em 2010, foi eleita deputada estadual por São Paulo, sendo reeleita em 2014, mantendo em punho como principais temas da atuação política a defesa dos direitos das mulheres, a promoção da igualdade racial e da cultura popular.

O samba desde sua origem é marcado na história como um segmento artístico de resistência cultural e porta-voz de temas sociais. Para Dorina, a chave para a abertura de espaços e fortalecimento da força feminina no samba está na união das mulheres.

“No grupo, nós oferecemos apoio para as realizadoras sobre ter um release, um vídeo de divulgação, fotos, enfim, elas precisam mostrar a cara e dizer que elas estão aí. E o mais importante é dizer que estamos no processo, a gente luta contra o fascismo, contra o machismo, contra o racismo, a gente luta pelo melhor para os nossos filhos, afinal de contas nós somos o ventre de tudo isso e juntas podemos melhorar essa questão”, comenta Dorina.

A primeira edição do evento aconteceu em novembro de 2018 e homenageou em vida a madrinha do samba, Beth Carvalho. Na segunda edição, com mais cidades e uma ampliação da presença internacional, o evento teve transmissão simultânea ao vivo pelo Facebook, em todas as cidades participantes.

Antes da abertura da roda de samba foram realizadas exposições artísticas, saraus de poesia e rodas de debate com profissionais e pesquisadoras sobre o empoderamento feminino, além de temas relacionados à participação da mulher no universo do samba. Cada cidade possui uma organização e composição de atividades extras, de acordo com suas identidades locais e culturais.

“Hoje o movimento está mais amplo, saímos do circuito Rio X São Paulo, chegamos ao nordeste, Mato Grosso do Sul, Portugal, Itália. Nós não paramos de trabalhar, estamos em contato, dando força uma a outra. Juntas, nós também realizamos um ato político, porque o samba sempre foi um terreiro de resistência e as mulheres sempre estiveram presente nele, a gente traz a afrodescendência, o regaste das tradições indígenas, ou seja, nós somos todos crias de uma coisa que foi muito subjugada, principalmente para as mulheres negras. Então está na hora de darmos as mãos, todas, para conseguirmos conquistar um lugar de afeto também”, finaliza a idealizadora do evento.

Política Cultural para o Samba Carioca

Em agosto deste ano, a prefeitura do Rio de Janeiro oficializou o Calendário Oficial das Rodas de Samba Cariocas, que será atualizado anualmente, e certificou mais de 250 rodas de samba da cidade.

A iniciativa regulamenta o Decreto 43.423 de julho de 2017, que dispensa a necessidade de alvará e estabelece locais, datas e horários para as rodas até dezembro deste ano. A publicação também define regras para a organização dos eventos e a efetivação do Circuito do Empreendedor do Samba Carioca, com barracas para comercialização de produtos ligados à cultura do ritmo.

A mobilização desta conquista é resultado da organização Rede Carioca de Rodas de Samba, que realizou a mobilização e o mapeamento das rodas pela cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de fortalecer as ações de realizadores de samba, manter as tradições culturais do ritmo e reforçar a essência da roda como um espaço de cultura, agregador e alegre.

(Foto: Michele Beff)

(*)CARDUME – Comunicação em Defesa de Direitos é uma rede que reúne organizações e movimentos da sociedade civil para ações articuladas de comunicação que potencializem a promoção e defesa de direitos e bens comuns.

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