Entre as pautas presentes nas eleições de 2014, a questão ambiental vem ganhando mais importância à medida que a percepção da população e do mercado para esta questão também cresce. A opinião é de Marcio Astrini, coordenador de campanhas do Greenpeace no Brasil. A organização é uma das que se mobilizaram para criar documentos e campanhas que apresentem demandas aos candidatos por políticas para o meio ambiente.
Para Astrini, ainda falta espaço para as causas ambientais, mas alguns candidatos e candidatas vêm demonstrando ações concretas em seus programas de governo que contemplam a questão. “Não imaginamos que todos os candidatos irão repetir nossas propostas em seus programas de governo. Mas talvez incite uma resposta, alguma mudança”.
No caso do Greenpeace Brasil, foi lançada a publicação “Aumenta a pressão – Propostas do Greenpeace para as Eleições 2014”, com propostas concretas para pressionar os candidatos à presidência a se pronunciarem a respeito de seis frentes: Energias Renováveis, Clima, Mobilidade e Transportes, Proteção das Florestas Brasileiras, Agronegócio e Madeira.
Segundo Astrini, estes são temas chave para um modelo de desenvolvimento sustentável, discussão que faz parte do plano de ação da ONG há muito tempo. “Sistematizamos essas demandas para entregá-las aos candidatos em um formato que os incentive a assumir compromissos”, afirma. Para ele, não há como saber o quanto a questão ambiental influencia no voto dos/as cidadãos/ãs. No entanto, claramente é uma questão que reflete cada vez mais na política e que precisa de soluções mais ambiciosas. “A percepção que temos é de que a questão ambiental se tornou parte do dia-a-dia das pessoas. Há dez anos era raro ver uma empresa falando em sustentabilidade porque isso não vendia sua marca nem seu nome. Hoje, essa pauta é bastante abordada e fica mais importante aos candidatos se aproximarem do tema. O que fazemos com essa campanha é dar oportunidade aos candidatos de se aproximarem desses temas e demandas que nos são caros”.
No começo de agosto, a Fundação SOS Mata Atlântica também lançou um documento voltado para incidir nas eleições. A carta “Desenvolvimento para sempre: Uma agenda para os candidatos nas eleições 2014″ foi apresentada na Câmara dos Deputados durante café da manhã da Frente Parlamentar Ambientalista, propondo 14 metas para serem atingidas durante o próximo mandato. As medidas estão divididas em três eixos: florestas, mar e cidades.
Em junho deste ano, um grupo de organizações da sociedade civil lançou a Agenda Brasil Sustentável, buscando articular políticas públicas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. O objetivo é impulsionar os candidatos aos governos dos estados e à Presidência com princípios e compromissos públicos que avancem para um desenvolvimento sustentável. Entre os eixos da Agenda estão: respeito aos limites do planeta e economia para a sustentabilidade.
Outras organizações da sociedade civil que atendem à questão ambiental vêm se articulando também para a criação de campanhas que cobram o comprometimento dos/as candidatos/as. Uma delas é a “Não vote em Ruralista”, criada pela 350.org. No site, a organização apresenta políticos ligados ao agronegócio, além de dados e informações que buscam orientar a escolha dos/as eleitores/sa. A ideia é semelhante ao “De Olho nos Ruralistas”, programa transmitido via YouTube que discute as propostas dos/as candidatos/as à Presidência em relação ao tema, com foco nos direitos indígenas.
A campanha “Energia para a Vida”, promovida por diversas organizações e apoiada por entidades internacionais, cobra de candidatos à Presidência a garantia de acesso em Conselho Nacional de Política Energética e diversificação da matriz energética, entre outras pautas. Segundo site da iniciativa, um dos objetivos é promover mudanças no marco legal das políticas públicas relacionadas ao setor elétrico, aproveitando os resultados de debates e diálogos entre sociedade civil, órgãos governamentais e setor privado.
Também voltada para a questão de Energia está a Plataforma Operária e Camponesa para a Energia, formada em 2010 por movimentos sociais e entidades sindicais que lutam por mudanças na política energética nacional. Durante os meses de agosto e setembro a plataforma organizará uma série de debates em todas as regiões do país para dar visibilidade e discutir o tema. Resoluções tiradas dos encontros serão encaminhadas aos candidatos.