Rodrigo Alexandre da Silva Serrano esperava a família chegar quando levou três tiros; moradores se revoltam nas redes sociais: ‘só na favela que guarda-chuva é confundido com fuzil’
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Chovia nesta segunda-feira (17), no início da noite, no Rio de Janeiro. Morador da favela Chapéu Mangueira, na zona sul, Rodrigo Alexandre da Silva Serrano, 26 anos, desceu a ladeira para esperar a mulher e os filhos com um guarda-chuva preto, um celular, um “canguru” (aquela espécie de suporte para carregar crianças) e as chaves de casa, próximo ao bar do David. Eram 19h30.
De repente, três disparos. Na sequência, Rodrigo percebeu que foi baleado. Segundo moradores, policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade teriam atirado no homem por ter confundido seu guarda-chuva com um fuzil e o “canguru” com um colete à prova de balas.
A PMERJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) dá outra versão. Procurada, a corporação informou que “os agentes foram alertados por populares que havia criminosos na localidade do bar do David. Chegando ao local, houve troca de tiros e um breve confronto”.
“Eu pedi uma explicação para a polícia e eles me trataram super mal. Vieram falar que quem baleou meu marido foi bandido, mas não foi não. Quem atirou foi a polícia”, disse Thayssa de Freitas, esposa de Alexandre. “Como que acontece isso? Agora quero uma explicação, porque a razão está sempre do lado da polícia. Quero justiça”, afirmou. “Meu filho de quatro anos já sabe o que é tiroteio. Que realidade é essa? A creche dele já foi alvejada várias vezes. Ele sabe o que é agachar, ficar escondido. Um menino de quatro anos já tem essa noção do que acontece dentro da comunidade”, completou Thayssa, nascida e criada na favela Chapéu Mangueira.
Na página do coletivo, uma montagem ironiza o erro grosseiro que é confundir um fuzil com um guarda-chuva com a legenda: “Como pode um Policial que, na maioria das vezes esta de posse de um fuzil, confundir um guarda-chuva com uma arma de guerra?”.
A página Movimentos – drogas, juventude, favela compartilhou a publicação com a legenda: “Mais um jovem negro morto pelo racismo e pela “guerra” imposta diariamente para os moradores da favela. Rodrigo deixou uma esposa e dois filhos”.
A PM informa que, além de Rodrigo, outro rapaz foi baleado e levado ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Ainda na nota, ressalta que “um deles [Rodrigo] não resistiu aos ferimentos. Ele tinha anotações criminais por roubo e tráfico de drogas”.
A Polícia Civil do Rio foi procurada para comentar o andamento das investigações, mas não respondeu até o momento da publicação da reportagem.
Para PM, furadeira era arma
Dois anos mais tarde, Albarello foi absolvido da acusação de homicídio pelo juiz Murilo Kieling, da 3ª Vara Criminal do Rio. Na época, o próprio Ministério Público do RJ tinha pedido a absolvição do cabo e o caso nem foi levado ao tribunal do júri.
(Foto: Reprodução/Twitter)