É muito grave que a Polícia Militar de São Paulo continue reprimindo protestos pacíficos com uso excessivo e desnecessário da força e detenções arbitrárias. Rebeca Lerer, ativista da Anistia Internacional, relata a atuação arbitrária da polícia durante o protesto deste terça (12) em São Paulo nesse vídeo curto gravado logo após o término da manifestação.
“O que eu vi hoje foi a Polícia Militar fazendo um grande cerco à manifestação desde o início na concentração na Praça do Ciclista na Avenida Paulista impedindo que o ato prosseguisse. A intenção era seguir até o Largo da Batata na zona oeste e fomos impedidos pela polícia, que queria forçar a manifestação a seguir em direção ao centro da cidade, de onde vinham informações que já havia um cerco policial com diversos batalhões da tropa de choque. Ficou um impasse por volta de três horas, já eram sete e pouca da noite quando, sem que houvesse nenhum tumulto, nenhuma agressão por parte dos manifestantes, nenhum dano ao patrimônio, a polícia reagiu com bombas de dispersão. Houve muita correria, pânico… Muitas pessoas que não estavam envolvidas com o protesto sofrendo com o efeito do gás.
Daí se seguiu uma perseguição aos vários pequenos grupos que se formaram depois desta dispersão, por várias ruas do centro da cidade. O protesto que estava na Paulista chegou até o Teatro Municipal, que fica a 2 Km de distância. A gente viu vários manifestantes feridos, intoxicados pelo gás. Chegam informações agora de que houve mais de 30 pessoas detidas.
O que a gente presenciou hoje em São Paulo foi um impedimento ao direito ao protesto. Ninguém estava cometendo nenhum crime. Era um protesto legítimo em torno de uma pauta socialmente importante, que é o transporte público. O que a gente viu foi o Estado reprimindo violentamente o direito das pessoas se reunirem e se manifestarem legitimamente.
“Protesto não é crime e gestão de multidão não é a mesma coisa que repressão violenta.”
A gente vem assistindo desde 2013 esta escalada de violência na resposta do Estado em relação a manifestações legítimas. Este ato é muito grave e todo muito que se diz democrata ou responsável pela democracia no Brasil hoje tem que se mostrar indignado, horrorizado, e cobrar do Estado a garantia do direito à livre manifestação que é a base de qualquer democracia e qualquer exercício cidadão no Brasil ou em qualquer país do mundo.”
A Anistia Internacional acompanha este tema desde o ano de 2013, e em 2014 lançou o briefing “Eles usam uma estratégia de medo” relatando que a violência utilizada pelas forças de segurança viola o direito à manifestação pacífica.
Veja imagens da repressão aos protestos aqui e aqui.
E na página Jornalistas Livres.
#PasseLivre
Fonte: Anistia Internacional