Esse direito básico é um dos que recebe menos investimentos e espaço na agenda dos/as governantes. Campanha da Fraternidade é um chamado para a importância da pauta
Por Marcela Reis, do Observatório
Mais de 100 milhões de brasileiros/as não têm acesso à coleta de esgotos e mais de 35 milhões não são atendidos/as com abastecimento de água tratada. Além disso, somente 39% dos esgotos são tratados.
Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e do Instituto Trata Brasil e podem ser encontrados aqui.
Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, explica que o grande problema é o descaso do poder público, que vem de décadas atrás, em detrimento do crescimento absurdo das cidades. O saneamento básico não acompanhou esse aumento e agora a situação é alarmante.
“O saneamento é transversal: quando há a cobertura de todos os serviços, a população é beneficiada como um todo, quando não há, temos problemas para todos também”, completa.
> Leia entrevista completa com Édison aqui
Pesquisa do Trata Brasil indica que houve pouca preocupação em relação à infraestrutura do setor de 2011 a 2012: 57 cidades investiram menos do que 20% na arrecadação de recursos.
Édison acredita que a sociedade civil precisa compreender melhor o problema e cobrar respostas das autoridades. Vontade política, agilidade, gestão e recursos são as partes mais difíceis.
Mas isso não significa que a sociedade civil não se organize para algumas ações: Com o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”, a Campanha da Fraternidade Ecumênica desse ano, coordenada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), aborda a questão do saneamento básico no Brasil.
Dom Flávio Irala, presidente do CONIC, explica que o objetivo da campanha é dar visibilidade ao tema, para que seja considerado prioritário nas políticas públicas e para que a população perceba a necessidade da discussão.
“Temos que lutar por saneamento no local que estamos. É importante participar do Conselho Municipal de Saneamento e lutar por políticas públicas, porque o saneamento é um direito fundamental”, afirma Dom Flávio.
Créditos da foto: Lalo de Almeida/ Folhapress