Em mensagem enviada a manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, candidato prometeu “banir” adversários políticos, acabar com ONGs e “fazer valer a lei no lombo da ‘petralhada'”
O candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) ameaçou neste domingo (21) opositores com prisão ou exílio. Em vídeo transmitido a apoiadores que se concentravam na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-militar prometeu uma “faxina” e disse que a “petralhada”, termo pejorativo com que identifica todos que discordam de seus posicionamentos “não terão mais vez”. Ele também atacou movimentos sociais e ONGs, e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai “apodrecer na cadeia”. Bolsonaro também ameaçou com prisão o seu adversário no segundo turno das eleições 2018, Fernando Haddad (PT).
“A faxina agora será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, ameaçou Bolsonaro, que mais uma vez combinou um suposto discurso patriótico com exaltação violenta contra adversários políticos. “Essa pátria é nossa. Não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha.”
O candidato, acusado de se beneficiar de um esquema criminoso e milionário de caixa 2 bancado com dinheiro ilegal por uma rede de empresários, também bradou contra a corrupção, ameaçando Lula, Haddad, e também o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Você vai apodrecer na cadeia. E brevemente você terá Lindbergh Farias para jogar dominó no xadrez. Aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Mas não será para visitá-lo, não, será para ficar alguns anos ao teu lado.”
“Petralhada, vai tudo vocês para a ponta da praia. Vocês não terão mais vez em nossa pátria”, afirmou o candidato em mais uma declaração dada para causar intimidação. “Não terão mais ONGs para saciar a fome de mortadela de vocês.”
Ele também prometeu tratar como atos terroristas ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) . “Vocês, petralhada, verão uma Polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês”, ameaçou. “Bandidos do MST, bandidos do MTST, as ações de vocês serão tipificadas como terrorismo. Vocês não levarão mais o terror ao campo ou às cidades.”
A fala de Bolsonaro repercutiu nas redes sociais. Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo Psol no primeiro turno, diz que não se amedronta com a declaração. “Típico de uma mente autoritária e ditatorial, de quem acha que é dono do país. Seguimos na resistência democrática. #EleNão“, tuitou.
Já a professora Silvia Ferraro, que se candidatou ao Senado também pelo Psol, disse que Bolsonaro já tá com medo da oposição, antes mesmo de vencer as eleições. “O discurso autoritário e fascista, que quer eliminar fisicamente os opositores, ameaçando, intimidando, é típico dos covardes. O Brasil é nosso país e resistiremos à todos os retrocessos”, afirmou.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT) comparou a ameaçada o candidato do PSL com ações de Hitler na Alemanha. “O discurso de ontem é um registro histórico, semelhante ao período anterior a consolidação no nazismo. A legitimação da violência contra os judeus de hoje (a esquerda como um todo). Ninguém pode dizer que não sabe suas intenções.”
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)