Monjane criticou o modelo econômico adotado por Moçambique e disse que o “triunfo do neoliberalismo na África Austral” impede mais ações solidárias com as nações desta região
Por Opera Mundi
O ativista social moçambicano Boaventura Monjane, membro da organização Via Campesina Internacional, afirmou nesta quarta-feira (27/03) que os atos de solidariedade com Moçambique e outros países atingidos pelo ciclone Idai não devem ocorrer apenas em momentos de desastre ambiental.
Durante seminário organizado pela Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns em São Paulo, Monjane participou da mesa “Articulações internacionais na defesa da democracia” e destacou que os diversos grupos internacionais que estão trabalhando direta ou indiretamente no auxílio da população atingida pela tragédia ambiental no sudeste africano deveriam “criar vínculos” com o país.
“Neste momento, em Moçambique, existem diversos grupos de diversos países colaborando com a população. Essa é uma grande oportunidade para criarmos vínculo. A solidariedade internacional precisa ultrapassar momentos de desastre”, afirmou o ativista.
Monjane ainda criticou o modelo econômico adotado por Moçambique e disse que o “triunfo do neoliberalismo na África Austral” impede mais ações solidárias com as nações desta região.
“Estes países estão em eterna transição, eles nunca cruzaram a linha de fato. Isso é resultado do neoliberalismo, uma política que feriu a solidariedade e o pan-africanismo”, disse.
Representantes
O evento organizado pela Abong reuniu movimentos sociais e atores da sociedade civil com a proposta de discutir novos rumos para o Brasil e as possibilidades de resistência diante do atual cenário.
Ao lado de Monjane, participaram da mesa representantes de entidades como a Fundação Friedrich Ebert, Fórum Social Mundial, Rede de Mulheres Negras e o Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe.
(Foto: Garoa Produções)