Panfletagem e debate marcam o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Descriminalização do Aborto, em resposta a iniciativas legislativas que pretendem reduzir condições para a interrupção legal da gravidez
São Paulo – Para marcar o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Descriminalização do Aborto, comemorado nesta quinta-feira (28), movimentos feministas realizam nesta quinta-feira (28), em São Paulo, aula pública para alertar sobre as atuais ameaças contra os direitos reprodutivos das mulheres e iniciativas legislativas que pretendem reforçar o controle sobre os seus corpos e regredir as condições de abortamento legal existentes.
A discussão, marcada para ocorrer à partir das 17h, na Praça do Patriarca, centro da capital paulista, contará com a participação coordenadora da União de Mulheres de São Paulo Amelinha Telles, que também foi perseguida durante a ditadura; a advogada e pesquisadora do Anis Instituto de Bioética Sinara Gumieri; a defensora pública coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção dos Direitos da Mulher (Nudem) Ana Rita Prata e Luciana Araújo, integrante da Marcha das Mulheres Negras.
“Alguns ‘iluminados’ vêm revertendo todo um tempo que nós fizemos de luta em favor dessas mulheres, em especial as pobres e negras que procuram casas clandestinas para fazer a interrupção da gravidez, muitas vezes provocando problemas como esterilidade, além de mortes evitáveis. Estamos falando de vidas. Se uma mulher morre a partir da prática do aborto em casa clandestina, sem assistência e sem direitos, isso é muito grave”, declara a integrante do Fórum Estadual de Mulheres Negras e da Coordenação Nacional das Entidades Negras de São Paulo (Conen) Sandra Mariano, que também participa das atividades.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ela ressalta que as mulheres pobres que sofrem algum tipo de complicação em procedimentos de interrupção clandestinos ainda tem de enfrentar o preconceito por parte de agentes de saúde, reforçado por uma abordagem que busca criminalizar o aborto.
“Quando a mulher chega no hospital com dor e sangramento, ela é mal atendida, e tem piadas de profissionais médicos desde a hora em que ela entra no pronto-socorro. Tem médicos que se recusam a atender e essa mulher é criminalizada. Que crime foi esse?”, questiona a militante feminista, que acrescenta que na maioria dos casos a mulher encara essa situação sem o apoio do companheiro. “Cadê o companheiro, o pai nessa situação?”.