Durante o evento que marcou os 80 anos da entidade, ato pelas Diretas Já aconteceu em Belo Horizonte e reuniu 40 mil pessoas contando com a participação dos/as estudantes
Por Kaique Santos, do Observatório
Entre os dias 14 e 15 de junho aconteceu, em Belo Horizonte (MG), o 55º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune). Mesas de debate sobre educação e a conjuntura política atual, além de atividades culturais, antecederam o momento de eleição da nova diretoria da entidade.
Uma das mesas, intitulada “A inconstitucionalidade do golpe”, aconteceu na quinta-feira (15) e contou com a participação de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e ex-chefe da AGU (Advocacia Geral da União); Virgínia Barros, ex-presidente da UNE; Isa Penna, vereadora suplente pelo PSOL em São Paulo; e do advogado Pedro Luiz de Andrade.
Cardozo reforçou a ideia de que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi vítima de um golpe. “Golpe é sempre a destituição de um governo fora das regras constitucionais. E não tenho nenhum pudor em dizer que foi golpe, não teve base constitucional”, declarou. No processo de impeachment, ele foi responsável por fazer a defesa de Dilma no Senado. “Não existe solução para o Brasil de hoje fora da democracia. Só há uma alternativa para tirar o Brasil da crise: um presidente ou presidenta legitimado pelas urnas voltar a governar o País”, continuou. Isa Penna criticou a proposta de reforma trabalhista em tramitação no Senado, defendeu a necessidade de autocrítica dos governos anteriores e apoiou a greve geral prevista para a próxima sexta-feira, 30. “Viva a greve geral! Fora, Temer! Diretas já!”, exclamou.
Em debate sobre a democratização do ensino superior, na sexta (16), foi colocada a preocupação com os possíveis retrocessos do governo de Michel Temer (PMDB) no cenário da educação. “O governo Lula teve papel importante e deu o pontapé para a democratização do acesso ao ensino superior e agora a gente percebe um projeto que visa a atacar a educação. Precisamos resistir aos ataques e defender as políticas do último período”, defendeu Juliana de Souza, ex-diretora da UNE. Foram citados o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferecem assistência estudantil, bolsas e vagas, respectivamente, nas universidades privadas e públicas de ensino superior.
“Neste cenário de golpe, cotas estão sendo ameaçadas. A Lei de Cotas [12.711/2012] é um ganho e está em risco”, destacou Geyse Anne da Silva, integrante do coletivo Enegrecer. Além dela e de Juliana, participaram da mesa o ouvidor geral do Estado de Minas Gerais Wadson Ribeiro e o ex-ministro da Educação no governo Lula e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que também afirmou que a educação está em risco. “Tivemos expansão da educação especial, infantil, profissional, superior, de ensino à distância e de pós-graduação, mesmo com todas as limitações. Agora este avanço está em risco por causa de um governo [oriundo] de golpe parlamentar, que não é democrático, nacionalista e nem social”, afirmou Haddad.
No último dia de Congresso, marcado pela constante discussão para a chamada de eleições diretas por diferentes coletivos do movimento estudantil, foi eleita a nova diretoria da UNE, que completa 80 anos de existência neste ano. A chapa “Frente Brasil Popular: A Unidade é a Bandeira da Esperança” conquistou 79% dos votos dos/as estudantes e elegeu a estudante de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Marianna Dias, 25 anos, como a nova presidenta da entidade até 2019, sucedendo Carina Vitral. Ao todo, 15 mil estudantes participaram do 55º Conune.
Minas pelas Diretas e Greve Geral pelo País
Na sexta-feira à noite, ato que pediu a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas, convocado pela UNE e pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, reuniu 40 mil pessoas na Praça da Estação, em Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais. Os números são dos/as próprios/as organizadores/as.
Para a próxima sexta-feira, 30, movimentos e centrais sindicais prometem parar o País em mais uma greve geral. A última foi no dia 28 de abril. Em São Paulo, ato em defesa da aposentadoria e direitos trabalhistas está marcado para acontecer na Avenida Paulista. Diferentes categorias como metroviários/as, bancários/as e motoristas de ônibus já sinalizaram paralisação em diferentes Estados.
(Foto: Diretas Já)