Em documento que será entregue aos participantes e ao governo, ativistas destacam as estratégicas antidemocráticas que elegeram Bolsonaro e seu desprezo pelos direitos humanos e pelo meio ambiente
As ameaças à democracia no Brasil pelo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que põem em risco também compromissos assumidos pela proteção da biodiversidade, das florestas, dos territórios indígenas e tradicionais no Brasil, serão denunciadas na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP14) que começa nesta terça-feira (13) e vai até o dia 29 em Sharm El Sheikh, no Egito.
Em carta assinada por 18 entidades ligadas à agroecologia e à defesa dos direitos humanos, de populações tradicionais e à reforma agrária, que será distribuída às delegações participantes, os ativistas denunciam as estratégias que levaram à eleição do candidato da extrema direita.
Destacam o posicionamento de Bolsonaro, que declara que pretende incluir os movimentos sociais no rol de organizações terroristas, além de acabar com toda forma de ativismo, perseguir adversários políticos e, principalmente, seu total desprezo pela biodiversidade brasileira e a política ambiental.
Chamam atenção sobretudo para a possibilidade de subordinação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura, à retirada do Brasil do Acordo de Paris, à exploração dos recursos naturais da Amazônia em parceria ou diretamente pelos setores privados, com preferência pelos Estados Unidos, ao fim da demarcação de terras indígenas, à titulação de territórios de comunidades quilombolas e tradicionais e da reforma agrária.
O afrouxamento da atual Lei dos Agrotóxicos, por meio do Pacote do Veneno, e outras medidas em favor do avanço da fronteira agrícola e da indústria extrativista também são destacadas como políticas que prejudicam o país e também toda a comunidade global.
Clique aqui para ler o documento na íntegra.
A carta é assinada pela Articulação Nacional de Agroecologia, AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Associação Brasileira de Agroecologia, Coletivo Cidade Que Queremos – Porto Alegre, Centro Ecológico, Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, FASE – Solidariedade e Educação, GT-Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia, Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Movimento Ciência Cidadã, Movimento Camponês Popular, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras, Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia e Terra de Direitos.
(Foto: Fotos Públicas/Mayke Toscano)