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 “A leitura que fizemos há um ano e meio deste Brasil, que hoje está tão polarizado e em crise, é de que esse cenário, por um lado, poderia fragilizar a nossa democracia e, por outro lado, de que o resgaste do país passa necessariamente por uma sociedade civil forte que consegue fazer transformar. Mas, para que ela possa existir, é preciso que consiga sobreviver. E isso vem da sua habilidade de captar recursos e da possibilidade de um país mais doador. É muito ruim termos um país com recursos, mas que não tem a generosidade de doar para fortalecer a própria sociedade”.

A opinião de Marcelo Furtado, diretor-executivo do Instituto Arapyaú, reflete uma das apostas do GIFE para o campo: é preciso ampliar as doações no investimento social privado.

Andre Degenszajn, secretário-geral do GIFE, destaca que a agenda da cultura da doação, assim como para seus associados, se tornou estratégica para o GIFE, justamente por ser um campo fundamental de atuação para todos que querem promover mudanças sociais no país e também devido a um baixo investimento na área.

“Não temos ainda dados precisos, mas percebe-se que se doa muito pouco no Brasil perto do potencial do que poderia ser doado. Assim, é necessário trazer mais atores para este campo. Queremos mobilizar novos recursos individuais para ampliar os recursos disponíveis no campo filantrópico e também criar uma cultura de doação entre investidores sociais. Hoje, as organizações são mais equipadas para lidar com a captação, contam com consultores e metodologia para isso”, explica Andre, lembrando que, quando se fala em “cultura de doação”, engloba-se desde questões regulatórias até estratégias de investimento institucional.

“É preciso criar de fato uma cultura de filantropia no Brasil. Uma filantropia que sirva para fortalecer e engajar a sociedade civil e faça com que a gente consiga gerar uma infraestrutura para as organizações sociais que têm nos seus territórios de atuação várias iniciativas inovadoras e importantes”, comenta Monica de Roure, vice-presidente e diretora executiva da BrazilFoundation no Brasil, durante no 5º episódio da série COMUM – lançada pelo GIFE a respeito das suas agendas estratégicas para os próximos anos.

Conhecimento

 João Paulo Vergueiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), ressalta que a conquista de uma sociedade civil mais forte e solidária passa também pela preparação dessa sociedade, a fim de que esteja melhor estruturada e tenha capacidade de buscar financiamento para suas causas.

“Precisamos desenvolver isso, pois as organizações não estão preparadas para acessar e se relacionar com os potenciais doadores. Elas precisam saber como buscar esses indivíduos que possam financiar com recursos o trabalho que é desenvolvido no setor, como ser transparente e mostrar impacto de suas ações”, comentou o especialista durante um encontro promovido pelo Instituto Arapyaú sobre o tema, no dia 26 de abril, em São Paulo.

E é com esta perspectiva que surge, por exemplo, a Captamos, uma nova plataforma online que tem como principal objetivo aumentar o impacto das organizações da sociedade civil no Brasil por meio da aprendizagem em captação de recursos. A proposta é engajar mais pessoas no ato de doar e de apoiar causas.

A iniciativa é resultado de um trabalho colaborativo realizado por diversas organizações e especialistas que têm conexão com tema e, decidiram se reunir, durante meses, em vários workshops de criação (clique aqui para ler matéria a respeito). O espaço online contará com diversos conteúdos sobre a temática, como cursos, videoaulas, artigos, exercícios práticos, além de abrir espaço para que todos possam interagir, apresentando suas próprias dicas na área e conversando a respeito, esclarecendo dúvidas e propondo novas ações.

“A ideia é que a plataforma se torne uma hub de troca de conhecimento e aprendizagem. Para nós, é importante dar escala à formação neste campo”, comenta Julia Toledo Ribeiro Pereira, gerente do Instituto Arapyaú. A iniciativa está sendo incubada pela ABCR neste ano e um Conselho, formado por 12 pessoas, irá acompanhar as ações. A plataforma está em fase de teste e deve ser aberta em breve para o público em geral.

Outra iniciativa que vem fortalecer esse campo é o Fundo BIS – lançado pelo GIFE no final de 2015 – que visa apoiar iniciativas que contribuam para ampliar o volume de doações no país. A proposta surgiu de um grupo de organizações a partir da constatação de que há um volume ainda tímido de doações no Brasil. Para concretizá-lo, o GIFE estimulará investidores sociais e interessados no tema a doarem 1% de seus orçamentos para o Fundo, que será gerido pelo banco JPMorgan, associado ao GIFE.

O secretário-geral do GIFE destaca que, uma iniciativa como esta do Fundo BIS, traz dois efeitos: a criação de fato de recursos para projetos de interesse comum, assim com o estabelecimento de um campo de discussão para movimentar ainda mais o tema. “Só para se ter ideia, se todos os associados do GIFE direcionassem 1% de seus recursos para este fundo, ele teria algo em torno de R$ 30 milhões”, ressalta.

O Fundo não apoiará projetos de organizações, mas financiará iniciativas que gerem benefícios coletivos para aperfeiçoar o ambiente para as doações no país. Por isso, definiu quatro eixos de atuação: pesquisa e produção de dados; comunicação e campanhas; mudanças legais e regulatórias; e inovação. Neste momento, o Fundo está mobilizando um Comitê para dar início às primeiras ações.

Marcelo Furtado ressalta que, iniciativas como a Captamos e o Fundo BIS, buscam justamente ampliar o conhecimento sobre o campo para todas as organizações, visando fortalecê-las como um todo, operando, portanto, numa outra lógica da que estava ainda muito presente no país: a cultura da competição pelos recursos no setor do que a cooperação.

Novas relações

Segundo os especialistas do campo, outro aspecto fundamental quando o assunto é ampliação das doações é a construção de relações de confiança.

“Muitas vezes essa relação entre quem doa e quem recebe a doação é fria, parte da premissa de que eu desconfio e você tem que me provar que está fazendo o correto o tempo todo, de controle. O que precisamos pensar é em como construir espaços de encontro e de troca entre potenciais doadores e quem precisa captar. Quando falamos de uma sociedade mais engajada, essa aproximação é fundamental”, ressalta Rodrigo Alonso, co-fundador do Instituto Elos.

Em sua avaliação, é preciso criar mais do que apenas mecanismos que mediem essa relação, mas conquistar os doadores pela vivência com o trabalho da organização. “Esse envolvimento é o caminho para quem está doando entender a complexidade e a aventura que é fazer essa transformação social”, aponta.

Para Joana Ribeiro, do Movimento por uma Cultura de Doação e conselheira do Fundo BIS, a busca por essa nova forma de se relacionar passa também por um outro olhar sobre o que é de fato “pedir” esse apoio. “A gente vem de um histórico de pedir recursos, por exemplo, na perspectiva de que coloca a outra pessoa num lugar ‘maior’ do que o nosso. O que precisamos é nos enxergar em outro lugar. Ou seja, agora, o momento é de fazer um convite a essa pessoa para que ela tenha a oportunidade de fazer junto com a gente. Isso muda a perspectiva em que nos encontramos e nos colocamos”, acredita

Fonte: Gife

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