O ato seguiu pela Avenida Paulista, desde o Masp até o escritório da Presidência da República em São Paulo. Com o protesto, eles garantiram uma reunião com representantes do governo federal para negociar as demandas dos trabalhadores rurais.
Os movimentos sociais do campo marcharam na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), com mais de 1,5 mil pessoas, na tarde dessa quinta-feira (12), para garantir os direitos dos trabalhadores rurais e defender a democracia no país.
O ato faz parte da Jornada Unitária do Campo e foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf).
A marcha iniciou no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiu até a sede do escritório da Presidência da República, em frente à estação Consolação do metrô. Os movimentos garantiram uma reunião com a chefe escritório em São Paulo, Nilza Fiúza, para avançar na negociação das pautas do campo junto ao governo federal.
Uma comissão de 15 representantes dos camponeses participaram do encontro. Eles apresentaram uma análise de conjuntura dos movimentos sociais e a pauta de reivindicações, que foi protocalada e será enviada esta semana para a presidenta Dilma Rousseff.
“Não estamos contentes com as políticas para o campo, pois elas significam um retrocesso. Estamos na defesa da democracia, por isso queremos um diálogo com o governo federal, mas que ele seja propositivo, com ações. Não queremos conversa fiada, não queremos enrolação”, afirmou o membro da direção nacional do MST, Delwek Matheus.
Durante o encontro, as organizações camponesas apresentaram uma série de demandas ao governo federal. Entre elas, estão os direitos dos atingidos por barragens, avanços na reforma agrária junto a acampados e assentados, desburocratização e liberação de crédito aos produtores rurais, um programa nacional de produção e abastecimento de alimentos e o Programa “Minha Casa, Minha Vida” para o campo.
As organizações do campo saíram da reunião com o acordo de que será marcada uma audiência dos dirigentes com representantes das instâncias de decisão do governo federal. Para esta audiência, estão cotados os nomes dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e das Cidades, Gilberto Kassab, bem como do secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. Além das chefias do Banco do Brasil, Caixa Econômico Federal, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Segundo o integrante da Fetraf, Marco Pimentel, se está havendo um retrocesso nas pautas do campo, os movimentos ficam sempre na expectativa da negociação com o governo e ela não vem acontecendo, agora, “é fundamental que daqui saia um avanço” para implementar essas políticas.
A audiência foi solicitada para ocorrer em São Paulo, para travar a disputa política também no estado mais rico da federação, além de discutir os problemas regionais. A expectativa é que as demandas dos movimentos do campo tenham, enfim, um encaminhamento garantido.
Conjuntura
As organizações camponesas partilham de uma análise de conjuntura de que o momento é crítico e de muito enfrentamento entre projetos sociais distintos. Nesse contexto, é fundamental que os movimentos sociais saiam às ruas em defesa da democracia e da soberania nacional.
O membro da coordenação nacional do MAB, Gilberto Cervinski, afirmou que a preocupação das organizações camponeses é ampla. “Apesar da eleição presidencial da Dilma ter sido garantida pelo povo na rua, o governo vem dando sinais contrários, com cortes de direitos da classe trabalhadora, ajustes fiscais que penalizam o povo”, declarou.
Ele acrescentou que, no próximo período, “não há possibilidade de paz, pois o ódio da direita em relação aos trabalhadores é muito grande” e que o governo precisa se posicionar em relação a isso, pois quem vem defendendo a democracia e lutando contra essa “essa direita raivosa, somos nós, que estamos na rua [em mobilizações]. E nós vamos para a rua, porque este é nosso campo de batalha”.
Cervinski ainda cita a questão da Petrobras como emblemática neste momento. Para ele, “o que está em jogo na Petrobras não é a corrupção, mas os interesses energéticos”. Ele lembra que os recursos do petróleo garantem diversos investimentos sociais e a soberania do Brasil, e que isso está sendo visado por outros países, como os Estados Unidos, e empresas transnacionais.
Dia 13
Participaram do ato camponeses de todas as regiões do país. Eles ficarão em São Paulo até esta sexta-feira (13), pois estarão no ato unificado em defesa da democracia, da Petrobrás e por uma Assembleia Constituinte para reformar o sistema político. A ação ocorre hoje na Avenida Paulista, às 15h. Outras manifestações estão marcadas na mesma data em diversas cidades por todo o território nacional.
Fonte: Brasil de Fato, por Vivian Fernandes