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A onda de manifestações que varreu o Brasil durante o mês de junho continua pautando os debates políticos. Bastante pressionada no início do processo, especialmente após a adesão da mídia aos protestos, a presidenta Dilma Rousseff conseguiu retomar parte do protagonismo político com as propostas reunidas nos chamados cinco pactos que apresentou a governadores e prefeitos de capitais.

A proposta de destinar os royalties do petróleo para educação avançou no Congresso, modificada, dividindo os recursos também com a saúde (25% para esta e 75% para aquela). Na saúde, as propostas de trazer médicos estrangeiros para trabalhar no SUS e de obrigar os estudantes de medicina a dois anos de estágio na rede pública causaram polêmica com as entidades corporativas dos médicos, mas prosseguem avançando nas discussões do governo.

O principal destaque, no entanto, foi o resgate pela presidenta da proposta da reforma política, em discussão pelo Congresso há mais de 15 anos. As propostas de uma Constituinte exclusiva, rapidamente abandonada, e de um plebiscito para realizar a reforma têm recebido fortes resistências no Congresso e em parte da mídia – a despeito do coro feito há anos por seus colunistas pela necessidade de uma reforma. A presidenta parece tentar uma estratégia de se comunicar diretamente com a população, até aqui de efeitos desconhecidos sobre sua popularidade fortemente abalada.

Outra reação de Dilma às pressões das ruas foi abrir o gabinete para receber os movimentos sociais. A presidenta recebeu diversos movimentos e organizações nos últimos dias, numa mudança de comportamento em relação ao restante de seu governo, marcado pelo distanciamento com a base.

Vândalos ou manifestantes?

A mudança de comportamento da mídia em relação às manifestações que vêm ocorrendo no país chama a atenção. De críticas contra o que tratava como “baderneiros” e “vândalos” nas primeiras manifestações lideradas pelo Movimento Passe Livre em São Paulo, a cobertura passa a encorajar e tentar pautar as manifestações posteriores, ignorando ou tratando como menores episódios de violência como a queima de bandeiras de partidos e movimentos sociais tradicionais na avenida Paulista.

No Dia Nacional de Lutas, convocado pelas centrais sindicais, MST e outros movimentos, a cobertura durante todo o dia voltou ao padrão tradicional: manifestações causam trânsito. Mas é louvável registrar as menções, ainda que rápidas, à pauta de reivindicações unificada das centrais. Nos jornais desta sexta, fotos mostrando avenidas vazias e denúncias de pagamento para participação nas manifestações, aumentando o desgaste para a imagem dos sindicatos.

A despeito das práticas das centrais, fica clara a investigação seletiva: circularam amplamente nas redes sociais denúncias de que entidades médicas como o CREMESP teriam pago hora extra para funcionários participarem do ato da semana passada contra a vinda de médicos estrangeiros. A mídia não só ignorou as denúncias, como inflou o número de participantes do ato corporativo.

 

O Panorama da Mídia é uma análise da cobertura da imprensa sobre os principais fatos em discussão pelos diversos atores sociais, propondo a discussão sobre os limites da abordagem da mídia e oferecendo uma nova perspectiva do ponto de vista da sociedade civil.

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