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Pistoleiros atacaram na madrugada desta sexta-feira, 18 de setembro, a comunidade Guarani e Kaiowá do tekoha – lugar onde se é – Pyelito Kue/Mbarakay, localizada no Município de Iguatemi (Estado do Mato Grosso do Sul). Poucas horas antes, contam as lideranças indígenas, capangas avisaram que “todos seriam mortos”. Os Guarani e Kaiowá estavam a cerca de 200 metros da sede da Fazenda Maringá, retomada na última terça, 15.

De acordo com lideranças de Pyelito Kue, 10 indígenas estão feridos, incluindo uma gestante e um rezador. A lista com os nomes dos feridos foi repassada, mas será omitida nesta matéria por razões de segurança. Como em Ñanderú Marangatú, os Guarani e Kaiowá denunciam o uso de balas de borracha no ataque, classificadas como de uso restrito, além das habituais armas de fogo.

Depois do ataque, os indígenas atingidos pelos disparos se refugiaram em uma área vizinha, nas proximidades da Fazenda São Luís. O restante permaneceu na Maringá, garantindo a permanência do povo na retomada. Dessa forma, o grupo Guarani e Kaiowá acabou dividido e não há informações se o estado de saúde dos feridos é crítico.

O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) vinha fazendo ‘visitas’ ostensivas à retomada dos Guarani e Kaiowá, que denunciam mais ações truculentas dos policiais. “Pegaram as coisas de todo mundo. Levaram roupa, comida, cataram tudo o que a gente tinha e levaram. Atacaram 10 horas da noite”, afirma uma liderança.

Na última terça-feira, 15, o Guarani e Kaiowá explica que “os capangas foram lá (região da retomada) e bateram em uma mulher, mas já a mandaram para o hospital, e foram tudo machucado, machucaram a mulher. Foi pro hospital, em Naviraí. Entraram com as pessoas, capangas do fazendeiro judiaram dela”. Servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmam a agressão. A indígena também passou por exame de corpo de delito no Instituto Médio Legal (IML) de Naviraí e segue acompanhada pelo órgão indigenista estatal. A liderança indígena afirma: “Os capangas são das fazendas Maringá e Santa Rita, uma outra que tem aqui por perto”.

Histórico de violência

Pyelito Kue possui um histórico recente de violências diversas. Em 2012, a comunidade emitiu uma nota pública afirmando que preferiam morrer a deixarem a terra indígena. Na época, viviam às margens do rio Hovy, depois de expulsos de retomadas anteriores, e sofriam com a decisão da Justiça Federal pela reintegração de posse da área. Com a publicação do relatório de identificação, em 2013, os Guarani e Kaiowá retomaram a Fazenda Cambará, onde ocupavam apenas 100 hectares de um total de 2 mil do latifúndio, por força de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Entre março e abril do ano passado, a área retomada foi atacada três vezes por “seguranças” de propriedades incidentes no território. Em uma das ocasiões, tiros de grosso calibre foram disparados contra as moradias feitas de lona. Meses depois, em novembro, Adriano Lunes Benites, de 21 anos, foi alvejado na perna por jagunços de uma fazenda enquanto se dirigia à aldeia.

A terra indígena teve 41.571 hectares identificados como tradicionais pela Funai, no âmbito do Grupo de Trabalho da Bacia Iguatemipeguá, com relatório publicado em 08 de janeiro de 2013, no Diário Oficial da União. Vivem em Pyelito Kue/Mbarakay 1.793 indígenas, conforme dados da Funai de 2008.

Essa terra tem dono!

Nas últimas semanas, os Guarani e Kaiowá dos tekoha Ñanderu Marangatu, em Antônio João, e Guyra Kamby’i, na região de Dourados, também realizaram retomadas e foram atacados, de forma violenta, por fazendeiros organizados pelos sindicatos rurais. Em Marangatu, Semião Vilhalva foi assassinado durante uma dessas ofensivas. No caso de Guyra Kamby’i, os indígenas foram expulsos das áreas e pressionados a permanecer apenas nos dois hectares em que já viviam confinados.

Com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Fonte: Adital 

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