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Cigana Rose, representante do Comitê dos Povos Tradicionais do Pampa, em Porto Alegre, relata que a experiência vivenciada nos dois dias do seminário foi de ‘troca, construção de parcerias e de contatos, porque as experiências de luta se assemelham nas regiões brasileira’

Por Edna Nunes, da Cardume(*)

Ao menos 90 pessoas participaram do Seminário Regional Norte do projeto “Novos paradigmas para um outro mundo possível”, realizado na quarta-feira (23) e quinta-feira (24), no hotel Beira Rio, em Belém. Representantes de movimentos sociais e organizações não-governamentais com o propósito de descobrirem alternativas de um mundo melhor para se viver em harmonia com a floresta e respeito aos princípios dos direitos humanos estiveram presente. Foi só o primeiro passo de uma mobilização que avançará ao logo dos próximos anos, para que seja uma pauta comum a todos. A programação constou nas discussões temáticas “A Amazônia no centro da crise mundial: desafios e perspectivas”, “Trinômio: preservação, sustentabilidade, empoderamento dos povos” e “A Amazônia e os processos de transição pós-capitalista”.

“A expectativa que a gente tinha em relação à discussão dos novos paradigmas era começar esse debate e isso conseguimos fazer nos grupos, nas conversas individuais e na distribuição dos livros. Mas, é irreal que as pessoas façam, de uma hora para a outra, essa conexão com a sua dinâmica local a necessidade de antever um futuro comum para nós. É um processo e demos hoje o primeiro passo que seguirá futuramente”, relatou satisfeito com o resultado do seminário Athayde Motta, membro da executiva da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e da organização do evento.

Outro que também saiu com o sentimento de missão cumprida foi o membro da ISER Assessoria, Ivo Lesbaupin. Ele não teve dúvida em afirmar “que parte do que se entende como construção de novos paradigmas está sendo praticada pelo povos da Amazônia, só ainda não se deram conta disso”. Por esse motivo, o que foi apresentado como experiências de práticas alternativas, que apontam para um outro mundo possível, fará parte do acervo da Abong e da ISER Assessoria, para que sejam conhecidas no Brasil e no mundo.

Experiências

A representante do Empreendimento de Economia Solidária, Nádia da Luz, explicou que o movimento que atua desenvolve um trabalho focado na cadeia produtiva da reciclagem formado por catadores. Ela disse que os participantes do empreendimento visam o meio ambiente, a inclusão social de seus participantes e o que fazer com a matéria-prima, desde a sua origem até o resultado final, que é a reciclagem. Nádia garante que vê o seu trabalho como prática alternativa de respeito ao meio ambiente e ao ser humano. Mas, confessa que levou tempo para entender esse conceito.

“Quando estávamos lá nos lixões, nas ruas atrás de um carrinho de bebê e carros de mão de madeira, não tínhamos noção que a nossa prática é uma alternativa de um mundo melhor para viver, porque não estávamos na linha de frente. Hoje, muitos dos mais de 7 mil catadores no Pará, como aponta dados do Governo do Estado, continuam sem saber do seu valor e da sua importância de trabalho para um futuro com dignidade para a terra, mas estamos construindo com o objetivo de todos saberem disso”, enfatizou.

Para quem vive do outro lado do país, como Cigana Rose, representante do Comitê dos Povos Tradicionais do Pampa, em Porto Alegre, a experiência vivenciada nos dois dias do seminário foi de “troca, construção de parcerias e de contatos, porque as experiências de luta se assemelham nas regiões brasileiras, como é o caso de combate às mineradoras no Rio Grande do Sul e aqui na Amazônia, por atingirem os territórios tradicionais”. Para ela, o momento serviu para aproximar de possíveis parceiros e trocar experiência para ter êxito em suas pautas de reivindicações.

A busca por parceiros para a construir novos paradigmas também foi o objetivo do coordenador da Unisol Brasil no Acre, Omar Silva. Segundo ele, por consistir em uma atuação de mobilização social, a economia solidária é vista por seus membros como meio de transformação social, iniciada em 2003. “É um processo longo e constante que buscamos para a construção de novos paradigmas do meio ambiente, da vida e de respeito. Por isso, levo desse evento muito otimismo, dialogando com pessoas que, mesmo com pautas diferenciadas, poderão fortalecer e enriquecer o nosso trabalho, oferecendo para nós outros olhares da Amazônia, do Brasil e do mundo”, enfatizou.

O coordenador da Fase Programa Amazônia, Guilherme Carvalho, avaliou o seminário como um momento de despertar a vontade dos setores democráticos, progressistas e da esquerda para compreender o que está acontecendo com o mundo. Isso porque, na opinião dele, hoje o debate está disseminado entre a sociedade, considerando que cada vez mais se tem publicações de artigos, análises, para “compreender as raízes históricas que nos fizeram a chegar a essa situação de apelo de novos paradigmas. Ou seja, esse evento se coloca nesse contexto, da necessidade das pessoas, das ONGs e movimentos sociais compreenderem para transformar”.

(Foto: Bruno Carachesti)

(*)CARDUME – Comunicação em Defesa de Direitos é uma rede que reúne organizações e movimentos da sociedade civil para ações articuladas de comunicação que potencializem a promoção e defesa de direitos e bens comuns.

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