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Entidades da sociedade civil do estado se articulam para compartilhar análises e construir soluções emergenciais. Movimentos organizam Marcha da Água para quinta (26)

aula
Foto: Rede Brasil Atual

Frente à falta de água na região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, movimentos e organizações da sociedade civil se mobilizam para compartilhar análises e possíveis soluções emergenciais. Com a proposta de articular a sociedade civil organizada de São Paulo, a Aliança pela Água e a Assembleia Estadual da Água realizaram, no dia 24, uma aula pública em frente ao vão do MASP, em São Paulo. Na quinta-feira (26), mais movimentos se unem em Marcha da Água, para cobrar compromisso do governo.

Para Marússia Whately, coordenadora da Aliança, a má gestão dos recursos hídricos vulnerabilizou o fornecimento de água e o sistema sanitário do estado. “É falta de qualidade e não de quantidade”, afirma. A organização de um racionamento prévio e a transparência na gestão, para ela, poderiam ter impedido a grave situação atual, que ainda é acentuada pelas alterações climáticas.

No início de fevereiro, a Aliança pela Água, grupo formado por entidades da sociedade civil, apresentou um plano de emergência com soluções de curto e médio prazo. O documento, que ressalta a responsabilidade do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) pela crise hídrica, foi ignorado pelo governador.

A proposta da Aliança, junto com a Assembleia Estadual da Água, é realizar agora uma força tarefa da sociedade civil para fornecer informação para a população, já que, para os movimentos, os discursos da grande mídia e do governador não refletem a realidade da crise. A ideia é mobilizar mais pessoas para pressionar o governo por medidas urgentes e trabalhar para a segurança e saúde da população, principalmente em regiões periféricas.

Para Andréia Bianchi, da Assembleia Estadual da Água, é preciso encontrar meios de garantir que a pouca água restante seja voltada para o uso humano e em serviços essenciais como escolas, hospitais e bombeiros. Uma vez que a população pobre encontra-se em maior vulnerabilidade, Bianchi propõe que a população exija um programa de distribuição de caixas d’água, caminhões pipa em regiões mais afastadas, incentivo ao uso de cisternas, congelamento no preço da água e até mesmo uma política de estabilidade de emprego, já que muitas empresas e indústrias podem começar a demitir funcionários com a diminuição do recurso.

“Apesar dos fatores naturais, foram decisões políticas que causaram a crise hídrica, como não investir no sistema de armazenamento, a não preservação de áreas de mananciais e a aprovação do novo Código Florestal, que diminui as áreas de preservação ambiental”, critica.

Soluções

Para César Pegoraro, da Fundação SOS Mata Atlântica, a situação de crise traz oportunidades de mudanças estruturais, que alterem a relação que a população possui com o recurso natural. “A partir do momento em que as ocupações de extremos das periferias ocorrem, essas áreas precisam ser saneadas imediatamente”, afirma. Para ele, é preciso apostar num saneamento ambiental dentro das cidades, requalificando áreas periféricas, ampliando as fontes de abastecimento e incentivando mudanças nos hábitos da população.

Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, acredita que existam desafios concretos para a sociedade civil, em relação a soluções imediatas. Em sua opinião, não há hoje uma organização legítima que dê orientação política para uma crise dessa magnitude. Para ele, é preciso uma organização popular capaz de mobilizar e convocar a população. Caso contrário, a revolta geral poderá ser inevitável, assim como a violência policial e a criminalização das próximas manifestações. “Temos uma responsabilidade histórica de resolver essa crise. As respostas que encontrarmos servirão de modelo para outras metrópoles”, afirmou.

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