A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) inicia 2015 retomando as ações do projeto Cisternas nas Escolas, em 256 municípios do Semiárido. Realizado com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o projeto prevê o beneficiamento de 2.500 escolas rurais até o final deste ano. Entre 2009 e 2011 o projeto levou água para mais de 800 escolas do Semárido.
Segundo o coordenador do projeto, Rafael Neves, serão construídas no total 5 mil tecnologias até 2016. Para esta primeira etapa, 30 organizações foram selecionadas por meio de edital público. Um novo edital será lançado para a continuidade do projeto.
“Estamos chamando o Cisternas nas Escolas de Água de Educar porque essa proposta leva água, mas também desperta nas comunidades escolares uma ideia de educação para convivência com semiárido, em que meninos e meninas, educadores e educadoras possam reconhecer e valorizar o local onde vivem numa perspectiva de educação libertadora e participativa”, diz.
Irenaldo Pereira, da Ação Diocesana de Patos (Propac), uma das organizações que executarão o projeto, o Cisternas nas Escolas é uma grande oportunidade de trazer para ação coletiva da ASA o tema da Educação e com isso refletir seu projeto político pedagógico.
Segundo Roberval Silva, representante da ASPTA e do Polo da Borborema (PB), esse é um projeto que entusiasma, pela capacidade de diálogo com outros temas e espaços. “Estamos percebendo que pode ser uma oportunidade de estabelecer relações entre os movimentos sociais e as prefeituras, escolas e secretarias municipais. Fazemos um trabalho no campo da educação ambiental com algumas escolas desde 2002 e quando vimos o projeto, achamos que era uma oportunidade de fortalecer essa relação onde já existe e estabelecer novos contatos, fazendo uma ponte com a educação contextualizada, a convivência com o Semiárido, as experiências das mulheres, dos jovens, dos agricultores e agricultoras, com os temas dos recursos hídricos, da caatinga, das sementes”.
Oficina – Visando uma melhor compreensão do projeto e o planejamento das atividades, essas organizações estiveram reunidas até o dia 23, em Gravatá, numa Oficina de Planejamento. Durante três dias, os participantes dialogaram sobre os processos de mobilização, capacitação, procedimentos administrativos/financeiros e a relação do projeto com a educação contextualizada.
Na mesa de abertura do evento, cujo tema era Educação Contextualizada e o Projeto Cisternas nas Escolas, a coordenadora da ASA pelo estado de Minas Gerais, Valquíria Lima, ressaltou a importância da água para garantia de outros direitos. “A ASA quando fala de convivência com o Semiárido assume para si a dimensão dos direitos humanos, entendendo que a água é um direito fundante para rede”.
Para a professora Ana Célia Menezes, da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab), o projeto Cisternas nas Escolas tem um grande potencial para provocar o debate sobre a educação contextualizada, uma vez que reforça os conceitos e elementos comuns à realidade local.
A Oficina de Planejamento também contou com um espaço de lazer, debate e troca de conhecimentos, através do Cine Debate e de uma exposição de materiais didáticos relacionados ao tema.
Para Valquíria Lima, a frase de Paulo Freire: “Ninguém caminha sem aprender a caminhar. Sem aprender a fazer o caminho, caminhando”, sintetiza o sentimento vivenciado durante o evento.
“O encontro nos deixa uma insatisfação positiva. É começar a ler um livro e não terminá-lo, a vontade é de ficar mais” avalia Paulo César, da Cáritas Diocesana de Itapipoca, Ceará.
Fonte: ASA
Via IRPAA