Ato terá concentração às 17h, no Largo da Batata, zona oeste da capital. Participam MTST, CUT, coletivos Juntos e Rua, MPL, UNE, Aliança Pela Água e Idec
A crise do abastecimento de água em São Paulo começa a ganhar potência nas mobilizações populares. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) convocou para quinta-feira (26), às 17h, manifestação com concentração no Largo Batata, na zona oeste da capital. A Marcha Pela Água deve seguir do largo até o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, no Morumbi, zona sul. “Queremos cobrar compromisso e transparência do governo do estado, pois na periferia falta água há muito tempo”, diz o coordenador nacional dos sem-teto, Guilherme Boulos.
Movimento cobra que Geraldo Alckmin acabe com os contratos de demanda firme
Além de mobilizar todos os acampamentos dos sem-teto na capital e região metropolitana, o ato foi articulado também pelo movimento Periferia Ativa, e conta com adesão de outros movimentos sociais e sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores, Movimento Passe Livre (MPL), União Estadual do Estudantes (UNE), coletivos Juntos e Rua, além de movimentos que são mais ligados ao tema, como Aliança Pela Água e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Esta não é a primeira mobilização popular promovida pelo MTST em função da falta d’água, e, segundo Boulos, não será a última. “A água acabou e o governador (Geraldo Alckmin, PSDB) não decreta o racionamento, penalizando a periferia, onde não tem água faz muito tempo. Queremos transparência. Faremos todo o esforço para que essa crise não seja silenciada pela imprensa, e vamos cobrar medidas emergenciais do governo, além do fim dos contratos de demanda firma, onde as empresas que gastam mais, pagam menos. Isso é um desrespeito à população.”
Entre os pedidos que a marcha deve levar ao governo está a distribuição de caixas d’água para famílias de baixa renda, abertura de poços artesianos na periferia e construção de cisternas nesses mesmos locais. “Os grandes condomínios têm reservatórios para o período de racionamento, a população pobre, não”, completou o coordenador do MTST.
O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, afirma que os trabalhadores também serão mobilizados para a marcha, contra o “uso privado de um bem público como mercadoria”. “O governo do estado de São Paulo precisa ser responsabilizado, inclusive juridicamente, pelo que fez com a água do nosso estado. A culpa não é de São Pedro, mas de quem pegou a água e colocou ela em uma bolsa de valores onde não há nenhum interesse que se faça investimento para uso racional e sustentável do recurso”, disse Adi.
Para a coordenadora do Aliança Pela Água, Rebeca Lerer, a pauta da moradia popular está diretamente ligada à crise hídrica, visto que a ocupação das áreas de mananciais – alternativa para famílias pobres que não têm onde morar –, é um dos fatores que contribuem para que cada vez menos água limpa esteja disponível nos reservatórios. “A crise da água é crise do planejamento urbano, que não trata o esgoto da sua cidade, que encurrala a população pobre na beira do rio, sem nenhuma infraestrutura para habitação nesses lugares.”
Fonte: Rede Brasil Atual