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“Se não fosse essa água a gente teria passado por um mal nesse período de seca. Foi [a cisterna] uma coisa muito importante”, diz Seu Bartolomeu, vice-presidente da associação de Riacho da Porta, na zona rural do município de Pentecoste, Ceará. As 44 cisternas construídas na comunidade pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) estão todas cheias. Para os moradores, a tecnologia chegou no momento certo, pois o rio que abastece a comunidade secou o ano passado.

A água do rio estava bastante poluída e era comum adoecer na comunidade devido ao consumo de água contaminada. Em 2013, foram registrados três casos de hepatite. Já em 2014 – quando as cisternas chegaram à comunidade – não foi registrado nenhum caso da doença. De acordo com Seu Valdemir, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STR) de Pentecoste, a melhoria na saúde é percebida em todo o município. “A gente sempre passava crise de diarreia e melhorou muito por conta das cisternas”, avalia.

A líder da comunidade e representante das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Fernanda Rodrigues, conta que muitas famílias não quiseram participar do programa porque não acreditavam que ele pudesse dar certo. Hoje, quem não tem cisterna espera ansioso a sua chegada. “É o projeto mais honesto e mais sincero. Nós já formos tão enganados que achávamos que era mais uma promessa. Mas o projeto de cisternas abriu as portas e a partir dele outras pessoas conheceram nossa comunidade”, explica Fernanda.

A chegada do P1MC na comunidade ajudou também no processo de auto-organização da comunidade e tomada de consciência pela defesa de seus direitos. Atualmente, a posse da terra é a principal luta das famílias de Riacho da Porta. A terra onde eles vivem há 24 anos pertence ao DNOCS. Sem o título, os agricultores e agricultoras não têm como tirar a carteira do sindicato, nem acessar benefícios.

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Intercâmbio – A equipe técnica do P1MC visitou a comunidade Riacho da Porta durante um intercâmbio de experiências no início do mês de junho. O grupo também conheceu o trabalho da comissão municipal. A conversa com a comissão ocorreu na sede do STR de Pentecoste.

A equipe do P1MC foi recebida pelo presidente do STR, Seu Valdemir, pela secretária do STR, dona Zenete, e por representantes das comunidades, entre eles, Seu Vicente e Seu Manoel. Também participou da reunião o representante da Cáritas de Itapipoca, Renato. A Cáritas é unidade gestora responsável pela execução do P1MC na região.

De acordo com o coordenador do P1MC, Rafael Neves, as comissões municipais são a base da ASA, pois são elas que dão capilaridade à rede, além de serem o principal espaço de controle social na execução dos projetos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). “Se muitas vezes elas se articulam a partir da chegada do P1MC nos municípios, a ideia é que a partir daí as comissões ganhem força e se tornem um espaço de discussão sobre questões relacionadas ao desenvolvimento do município”, explica Neves.

As entidades que compõem a comissão municipal de Pentecoste também integram o Fórum Microrregional de Convivência com o Semiárido dos Vales do Curu e Aracatiaçu, formado atualmente por 50 entidades da sociedade civil. Ao todo, o Ceará se organiza em nove fóruns microrregionais. É nesse espaço que as comunidades se reúnem para discutir, monitorar e avaliar os programas, organizar atividades e debater os grandes projetos que ameaçam as comunidades.

De acordo com a secretária do STR de Pentecoste, Zenete, as reuniões do fórum acontecem a cada 2 meses e sempre tem uma tema. A última foi sobre sementes crioulas. “A gente tá sempre trabalhando. Estamos esperando demanda de cisternas do P1MC para universalizar o município, mas a gente não tem deixado de se reunir”, diz.

“Nesse Fórum a gente fica sabido. A gente aprende muita coisa. É uma escola pra gente aprender”, diz Seu Vicente do Povo, da comunidade Vila Nova. “É um fórum de organizações. Não tem discussão político-partidária”, complementa.

Para Seu Valdemir, o sucesso do Fórum está na formação das parcerias.  “O que faz o fórum ter sucesso são as parcerias. Tem se procurado muito e temos conseguido algumas coisas. Estamos no caminho certo. Temos que buscar cada vez mais”.

Fonte: Asa Brasil, por Gleiceani Nogueira

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