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Impasses para incluir jovens nos processos políticos vão desde a criação de instituições mais permeáveis, até o fomento de uma cultura de participação

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Por Observatório da Sociedade Civil

A inclusão da juventude nos debates políticos é um dos desafios da democracia em todo o mundo. No Brasil, essa questão ganhou contornos especiais com as manifestações de junho de 2013, quando milhares de pessoas, na maioria jovens, foram às ruas numa explosão social que há muito não se via. Nesse contexto, são fundamentais os debates levantados pelo Dia Internacional da Juventude, comemorado em 12 de agosto e que teve como tema escolhido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) a “Participação Cidadã da Juventude” (tradução livre de “Youth Civic Engagement”).

A ampliação da presença do jovem na esfera pública encontra desafios nas duas pontas do processo. Se por um lado é necessário modificar a estrutura das instituições para que elas se tornem mais abertas para ouvir as demandas dos jovens, por outro é igualmente fundamental fazer a juventude se interessar por política e criar uma cultura de participação.

Essa é a visão de Raquel Rosemberg, do Engajamundo, coletivo que existe há dois anos e busca aproximar a juventude brasileira de conferências internacionais, disponibilizando ferramentas para o engajamento do jovem no cenário global. “Foi durante a Rio +20 que percebemos que não poderíamos ficar de fora desse debate. Agora, queremos incentivar os jovens a participar”, explica.

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A fala de Raquel aconteceu durante atividade desenvolvida em Parelheiros como parte da campanha Action 2015. Em São Paulo, Abong, Engajamundo, Ibeac, Viração e a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura reuniram um grupo de adolescentes e jovens de 13 a 29 anos, em Parelheiros, zona sul, para promover um intercâmbio de ideias sobre o papel do jovem para o desenvolvimento sustentável e fim da pobreza.

O tema da participação esteve presente em todo o debate. O representante da juventude de Parelheiros na Coordenadoria de Juventude de São Paulo, Alenildo Almeida, lamentou o pouco espaço do jovem na política, principalmente o da periferia, que, na sua avaliação, precisa conquistar esse “território” político. “Falta força da juventude nas periferias. Se a gente não se organizar e ocupar a frente das políticas públicas, será difícil caminhar”, analisou.

Os dados sustentam a preocupação de Alenildo. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em torno de 16% da população do mundo tem entre 20 e 29 anos, mas essa faixa etária representa apenas 1,6% de parlamentares, dos quais a maioria são homens, de acordo com a UNFPA. A carta publicada em função do dia 12 também enfatiza que a juventude raramente adere a partidos políticos e a maioria não vota em eleições.

No Brasil a situação não é melhor em termos de representatividade. Segundo dados da Campanha por um Plebiscito Constituinte para a Reforma Política, enquanto os jovens (de 16 a 35 anos) representam 40% do eleitorado, o Congresso Nacional tem apenas 3% de jovens.

Bruno Souza é um jovem que integra o grupo de “Escritureiros”, jovens voluntários que desenvolvem atividades de incentivo à leitura nas comunidades da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, de Parelheiros. Para ele, é muito complicado como as decisões ainda chegam para os jovens, principalmente das periferias. “Debatem ‘lá’ e trazem as coisas pra ‘cá’, como se a gente não soubesse nada”, contesta.

Bruno e outros jovens da comunidade concordam que alterar esse modo de fazer vai pedir muito esforço, pois representa uma mudança de cultura, tanto nos espaços que não aceitam a participação da juventude, como dos próprios jovens em reconhecer seu papel e transformar essa realidade.

Saiba mais sobre a discussão aqui.

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